Pra frente é que se anda




Já mencionei outras vezes que tenho facilidade em dialogar com companheiros e adversários na política. Mencionei também que não costumo levar as “brigas” do mundo da política para as demais relações que estabeleço. Digo-o porquê meu modo de ser acaba me dando acesso ao pensamento de quem veste outras cores ou percorre outros caminhos, sem as habituais máscaras ou ranços do jogo do poder. Neste sentido, me chamou atenção o teor de uma fala feita recentemente pela liderança de uma sigla hoje situada na oposição que, no meu modo de ver, dá uma dimensão muito clara dos interesses em jogo na corrida eleitoral que se aproxima.

Pois ao ser questionado por mim sobre o desempenho da administração municipal, a tal liderança não fez nenhuma cerimônia em afirmar que o governo ia de bem a melhor e o prefeito era ótimo administrador. Não perdi tempo e emendei: mas então, por que não reeditar o apoio dado durante a última disputa eleitoral? A resposta: as coisas vão bem, mas meu partido perdeu espaço e cargos no governo.

Esse diálogo me fez pensar na mesquinhez de quem vive preso à vida pequena dos partidos e no mal que isso sempre faz. Prestem bastante atenção nesse discurso, pois ele estará presente com toda força num dos palanques durante o próximo pleito. O governo é bom, mas passa a ser ruim se a sede de poder de alguns não for saciada. As coisas vão bem, mas deixam de ir tão bem assim quando a vaidade ou o olho gordo de poucos não é satisfeito. Que absurdo! Um discurso deprimente, se não fosse trágico e extremamente perigoso. Imagine alguém com uma mentalidade dessas com a responsabilidade de conduzir os destinos do nosso município!

Aliás, não é tão difícil imaginar algo desse tipo. Na verdade, essa é a nossa principal herança em termos políticos. A herança do caudilhismo; do populismo desvairado; da cortesia com o chapéu alheio, do toma lá da cá, do pão e circo; do é dando que se recebe, do venha a nós o vosso reino; do quanto pior melhor; da distribuição de benesses para a companheirada e da artilharia pesada e permanente aos opositores; do desleixo, expropriação ou apropriação do que é público; da farra para alguns a custas do patrimônio de todos; e por ai afora. A novidade é que o futuro parece ter chegado finalmente por aqui para o desconforto das velhas raposas e aves de rapina de sempre. A novidade também, é que muitos que diziam empunhar a bandeira do novo, de repente se revelaram tão atrasados quanto o atraso que diziam combater.

Ora, o objetivo principal de fazer política não é construir o bem comum? O que se espera de um governo são realizações ou tapinhas nas costas? Se o governo faz bem para a maioria, a lógica não seria apoiá-lo, mesmo com o propósito de aperfeiçoá-lo, ao invés de querer derrubá-lo a qualquer custo? Aqui não falo dos oposicionistas, porque esses sempre serão oposicionistas e é até saudável que existam. Falo de antigos aliados que deixaram de ser aliados não porque a administração vai mal, mas porque a volúpia pelo poder da sigla que representam não foi saciada a contento.

Por sorte, a vontade e o voto das pessoas deixou de ter dono “a lejos”, embora velhos caciques teimem em não deixar a ficha cair. Não adianta as barganhas feitas entre a cúpula dos partidos, em prol dos seus próprios interesses, quando a base quer trilhar outros caminhos em reconhecimento aos avanços alcançados em benefício de suas vidas. E as últimas eleições para o governo do RS deram uma mostra contundente desse fato. O que interessa pro “povão” não é o jogo das siglas, mas se a vida ficou melhor ou pior, se o governo faz ou apenas faz de conta, se realiza para todos ou apenas para uma meia dúzia, se as alianças buscam o melhor para o município ou tão somente satisfazer apetites particulares ou ressuscitar antigos dinossauros e a velha politicagem.

Sim, quem decide é o povo. Neste sentido, basta uma jogada equivocada ou a escolha de um caminho errado para que pretensas lideranças de hoje saiam de cena e novas lideranças, afinadas com o sentimento de um Herval com mais desenvolvimento e menos negociata venham ocupar seu espaço e consolidar os novos tempos que chegaram e agora pedem para ficar.

 

Comentários

Anônimo disse…
Ué , e a palavra do governo de dar um numero x de secretárias a cada partido que o fizeram governo? Cadê palavra, compromisso, esses não existem mais? Quem mais falou mal tá lá...e os apoiadores foram excluidos... hahahaha!!! Essa é a politica!!!
Toninho Veleda disse…
Pois este pensamento, apesar de bem vindo neste espaço, apenas comprova o que escrevi. Ou seja, muitos abandonaram a política e reclamam a volta da politicagem. Quanto ao compromisso na composição do governo, creio que ele foi honrado. Aí entramos noutra questão: uma delas é de partidos que achavam que eram maiores do que realmente são e queriam governar o município no lugar do prefeito, pautando a relação com este na briga boba pela adoção de práticas administrativas que ferem, inclusive, a própria legislação, e não apenas a hieraquia instituída no poder. Outra questão é de partidos que não tiveram bom desempenho nos postos aos quais foram designados e também não tiveram sequer a humildade para admitir isso. Desta forma, ao invés de cogitar a ocupação de outro espaço, preferiram chutar o balde para se abraçar com práticas e pessoas que lutaram contra a vida inteira. Uma contradição enorme que, provavelmente, não ficará impune!

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