Rir e apertar o passo




Como fiz escolhas ou me envolvi com pessoas erradas ao longo da minha vida.. Mas como conhecer o certo apartado do risco ou sem uma certa dose de envolvimento?

Não quero bancar a vitíma, o bobo, o bonzinho ou o arrependido. Longe disso!
É que de vez enquando é preciso colocar a mão na consciência ou se olhar no espelho e reconhecer isso sem sustos ou receios. Até para que possamos prosseguir em frente e não repetir os mesmos erros do passado. O pior é que eu os repeti e os repeti abundantemente e de forma acentuada.

Tudo o que sempre quis na vida é paz, pudor, mãos dadas, olhos nos olhos, prosperidade, peito aberto... Pois no afã do mel acabei, algumas vezes, cedendo ao dissabor do fel ou me imiscuindo com o mal que prefere sempre esconder sua verdadeira face.

Esta é a realidade nua e crua. Uma realidade que embora não mais me fira ou açoite, não pode ser deixada para trás como se nunca tivesse existido.

Como lamento ter permitido que certas pessoas permanecessem no meu convívio por mais tempo do que o necessário ou para além de um breve instante! Como dizia um grande amigo, “tem pessoas que não nasceram para se encontrar e menos ainda para ficar juntas”. Ou como sempre repete meu pai, “ao ver a cacaca devemos desviar dela, e não tacar-lhe o pé em cima”.

Como lamento por, num passado recente, ter exposto em algumas redes sociais fotos feitas apenas para o consumo íntimo! Que bobagem! Que estupidez a minha! Uma estupidez inadimissível para alguém que se pretende tão lúcido.

O fato é que a fronteira entre o certo é o errado, entre o puro e o impuro é muito tênue. Basta um momento de devaneio para que os fastamas deste momento nos persigam para todo o sempre.

Como tirar alguém da nossa vida como se tira uma pedra do sapato? Como dizer que a exposição indevida foi um lapso, um lampejo de insensatez,  ou então que fora um momento de bicho vivido como se de gente fosse? Não, de nada servem os álibis ou argumentos e calar também não cessa essa insanidade. “Até provar que não somos cavalo já comemos muitas rações de milho”, também costuma advertir meu velho pai.

A verdade é que não há nada para provar, retratar, expiar ou se redimir. Tem coisas que mesmo ganhando o público pertencem ao foro íntimo e correm em segredo de justiça. Eis aí mais uma prova de que somos gente e gente arde e queima e eleva e se enterra na lama e ainda, não raro, age como animal arisco que atropela todos os riscos.

Nunca aceitei o rótulo de anjo, embora sempre tenha perseguido ser alguém melhor e mais lúcido. Quedas ou desvios são inevitáveis durante a caminhada interminável e cheia de obstáculos do estar vivo.

Não, não me tomem por um ser totalmente depurado, mas também não me tomem como o contrário. Alguém deturpado, animalizado, sedento dos sabores enganosas da carne. Anestesiado ou alucinado, talvez!

A única coisa a ser ponderada e assumida nos próximos passos é de que definitivamente “não podemos servir a dois senhores”, não podemos perseguir o bom e carregar uma bomba nos braços nem buscar o belo e elogiar demasiadamente a beleza falsa, flácida e fútil.

A vida segue e eu sigo disposto a fazer desta passagem mundana um espetáculo agradável e digno, não apenas para o olhar alheio, mas para a própria essência do meu ser. Apesar dos vacilos, deslizes e tropeços e das gentes e gestos que nunca deveriam ter existido em mim.

Mas como escreveu Kátia Celeiróz: “o melhor é que eu consigo rir de tudo isso...”


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