Ao meu filho muito amado



“Mi hijo muy amado” hoje completa nove anos de vida neste mundo ora producente, ora infecundo.
Mas diferentemente de outros momentos, gostaria de produzir um registro em homenagem a esta data que não seja em tom nem reflexivo nem poético. Quero me expressar livremente, como um pensamento em voz alta...

Nem todos sabem, mas meu menino não é sangue do meu sangue. Ele é uma cria roubada, ou melhor, adotada que entrou em minha vida apenas para me trazer alegrias. Tomaz é filho de um casal de amigos que, por motivos alheios a sua vontade, não puderam cumprir o sagrado e saboroso dever de conduzir os primeiros passos de um filho pelos caminhos deste mundo. Sorte minha!
Deste modo, Tomaz passou a fazer parte de minha história quando contava apenas uns quinze dias de vida. Era um menino frágil, chorão, mal cheiroso, assustado, encantador.
No início tive receio de me aproximar, de cuidar dele. Afinal, ele viera a minha casa para passar uns dias até que seus pais biológicos superassem a tempestade na qual se viam envoltos.
Mas a tempestade não passava e aos poucos fui abrindo meus braços e meu coração para acolher aquela criaturinha estranha e hipnotizante que, sem perceber, me dava um novo alento para estar vivo. Era como se eu estivesse diante de uma oportunidade para nascer de novo!
Não demorou muito e eu já estava completamente envolvido com aquele ser. O sonho de ser pai, acalentado desde a minha infância, começava a se realizar por um “caminho torto” e inesperado. A vida tem dessas coisas e as maiores alegrias às vezes acabam chegando na hora ou da forma menos esperada, por isso é importante estarmos bem atentos para não perder, muitas vezes por puro pré-conceito, os clarões de felicidade que nos surgem inopinadamente.
Desde então, Tomaz tem estado comigo nos melhores e nos piores momentos da minha vida. Lembro das suas carícias, das palavras de afeto em ocasiões em que eu me sentia a pior pessoa do mundo e ele lá, ao meu lado, tentando me fazer sentir um super-herói. Meu filho é mais que meu filho, ele é meu amigo, meu confidente, meu companheiro, meu puxão de orelha também...
Mas não pensem que a nossa relação é livre de atritos, de conflitos. Não, temos nossas mazelas, nossos desencontros, nossos tapas por entre os beijos.
Também não se pense que por amá-lo costumo passar-lhe a mão por cima. Nã nani nã não, antes de amigo sou seu pai, e pai tem um dever intransferível e inadiável perante seus filhos: o dever de ser responsável pela sua educação, de tolher-lhes os maus alvitres e, ao mesmo tempo, de potencializar suas virtudes humanas. Penso que a maior herança que um pai, uma mãe podem legar a um filho, não é a herança de coisas materiais (embora esta também seja importante), mas a herança de dignidade, de sapiência, de honestidade, de generosidade, enfim de tudo que concorre para que sua prole possa ser reconhecida como gente na verdadeira acepção do termo.
Por fim, devo dizer da minha gratidão a Deus por ter posto essa pessoinha linda no meu caminho... Nem eu nem ele temos qualquer problema pelo fato de inexistir ligação biológica entre nós. Este é um sentimento que pode estar presente nas mentes e nos corações dos egoístas, não em quem acredita e procura viver o amor independente de cor, credo, idade, opção sexual, condição social ou dos tropeços “ajenos”...
Parabéns meu filho, que o Paizão lá do alto permita que possamos continuar juntos por longos e laborosos anos. A vida contigo é mais leve, minha cabeça mais lépida e meu coração mais humano!

Comentários

Elione disse…
Oi Toninho!
Entrei por acaso no teu blog (e sem pedir licença). Iniciei a leitura dessa postagem e confesso, a emoção tomou conta da minha alma. Linda tua colocação sobre esse amor incondicional que sentimos pelos filhos, biológicos ou não. Conseguiste traduzir em belas palavras aquilo que nós, pais e mães, carregamos no coração. Parabéns! Um abraço. Elione.
Toninho Veleda disse…
Seu carinho é que emociona. Volte sempre, e sem pedir licença!
Anônimo disse…
Ao terminar de ler e perceber-me cheia de lágrimas não estranho tremenda emoção. Pois vinda de pessoa tão pura natural nas palavras.
Sentimento de pai é perceptível no olhar e quando posto em palavras leva uma multidão a assemelhar-se com esse. Não cito, nem ouso usar a palavra biológico que : tem origem de biologia, tendo uma explicaao científica. E, para opinar_ Amor, sentimento, esse que ainda não encontrei uma explicação na ciência, nem em "manuais de primeiros socorros". Entendo hoje o porquê de muitos profissionais da área de família equivocam nas decisões quando argumentam sobre "pai", palavra que ouso em dizer: até sinônima de Amor_ "AMOR DE PAI". Estes profissionais que julgam e equivocam-se não encontraram nem um livro, manual que ensine-os sobre o "AMOR". ÓBVIO , ESSE AMOR, é sentido e não está em livros. Eis o ENIGMA da decisão!!!

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