Licença poética



Peço licença novamente para entregar-lhes novas palavras simples e sutis, arrancadas do fundo do baú do meu ser...


Há quem me defina como poeta...
Poeta, eu? Que nada!

Pateta me cairia melhor.

Poesia é o que arrepia.
Poesia é o que se sente na pele e abre as pálpebras.
Poesia é o que cabe na palma da mão e leva ao infinito.
Poesia é fervor, favo, paz, mutilação, o ar que insufla o pulmão.

Poeta é Pessoa, Quintana, Gullar, Carpi, Espanca...

O que faço não é poesia!

O que faço é heresia, é abusar das palavras, é estuprá-las com minha força e falta de tato e talento para a poesia.

Sou apenas um gigolô das palavras, uma pessoa sem préstimos que usa a pena para aumentar as penas.

Sou um serzinho de nada, alguém que invade a quinta alheia à procura das uvas mais doces e delicadas.

Sou um cara banal, alguém que possui muita gula é pouco jeito para se alimentar com a palavra que enobrece e inebria e sacia e...

Sou um sujeito qualquer, alguém que cata poesia como um estranho que carpi o terreno poético sem saber aonde pisa.

Sou um cafajeste, um cara descontrolado que espanca a poesia para sacodir a poeira e arrancar todo pudor que ela esconde em suas entranhas.

Sou apenas um misto de mim e todos os outros poetas quem me habitam e cercam e libertam.

Poeta é alguém que enamora e se joga e se funde com o mar por meio da palavra.
Alguém que jamais irei lograr ser...
Algo que nunca irei alcançar...

Chego apenas na margem e minha inspiração me permite apenas um parco poetar, apesar do mar imenso dos teus olhos que me fazem sonhar e deixam louco por navegar no teu amar.


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Todos contra o Herval que dá certo?

Responsabilidade com a saúde

Um ano de sucesso e vontade de fazer ainda mais!