Licença poética



Peço licença novamente para entregar-lhes novas palavras simples e sutis, arrancadas do fundo do baú do meu ser...


A vida vale a pena!
Nem tudo está perdido!
Dias melhores virão!


Sim, amo a vida e estar no mundo, mas
hoje definitivamente não...

Hoje, tão somente hoje, não creio
em mim, nos bichos, nas gentes, na natureza, na louca tecnologia, na força da ideologia nem em nada mais.

Hoje, apenas hoje, não quero guerra
nem paz; não quero fogo ou afago, não quero
caridade ou canhão.

Hoje nada nem ninguém me arrepia ou satisfaz.
  
Hoje quero apenas o vazio, a solidão, a inércia e esse nó na garganta.

Hoje não sei quem sou, de onde venho nem quero ir a lugar algum.

Quero apenas o silêncio do meu quarto e a escuridão do meu ser.

Quero apenas um muro bem alto a me separar da multidão e uma prisão impenetrável para aprisionar meus próprios pensamentos e emoções.

Hoje, mais do que qualquer outro dia, quero hibernar; fugir para o fim do mundo;  me deitar sobre os trilhos; ficar trancafiado no mais fundo de mim.

Hoje, só hoje, quero morrer afogado nas águas do tsunami que se formou em mim, sem causa e sem causar catástrofe em mais ninguém.

Hoje não quero me olhar no espelho nem me espelhar
em nenhum passo.

Hoje não quero poema nem prece; não quero partir 
nem que a vida vá pro raio que parta.

Hoje quero apenas nada.
Hoje não espero por ninguém.
Hoje, só hoje, não peço abraço nem estendo a mão.


Amanhã, quem sabe, o sol volte a brilhar.
Amanhã, porque não, eu volte a gostar de gente, de tudo que
há no mundo e de mim.
Amanhã, talvez, a vida volte a pulsar em meu coração.


Amanhã, mais do que dizer, espero sentir:

Que a vida vale a pena!
Que nem tudo está perdido!
Que dias melhores virão!


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