Caminho longo e difícil, mas possível!



Meus queridos e minhas queridas,


Compartilho com vocês meu escrito em defesa da construção da Transcampesina, pretendida ligação asfáltica entre Herval e Aceguá. Tais argumentos compõem um relatório entregue ao governador Tarso na data de ontem (28/5), tendo sido elaborado pelos municípios beneficiados diretamente por esta obra que muito mais que um sonho, teria o poder de acenar para uma nova realidade de progresso no sul da nossa Metade Sul.


Porque a transcampesina é tão importante


A transcampesina é vital não apenas para o desenvolvimento econômico, mas também para o desenvolvimento político, social e cultural do sul da Metade Sul do Estado do Rio Grande do Sul. Um município não é uma ilha e, apesar dos avanços tecnológicos na área da comunicação, uma estrada de qualidade permanece como caminho mais efetivo para interligar e irmanar as administrações públicas e as pessoas que geograficamente vivem próximas, porém muitas vezes acabam se distanciando em razão das estradas precárias ou inadequadas para promover o progresso em bases condizentes com o tempo e os desafios atuais.

A transcampesina é fundamental, pois diferentemente de outras regiões ou mesmo de outros municípios da nossa região com vocação para o incremento de outros polos, os municípios de Herval, Pinheiro Machado, Pedras Altas, Aceguá e Candiota são municípios com vocação precípua para a produção de alimentos. Ou seja, os mencionados municípios se configuram num polo da produção de alimentos e do turismo alicerçado nas belezas naturais, os quais precisam de boas estradas para diminuir distâncias e poder desenvolver todo esse potencial econômico.

A transcampesina é importantíssima, uma vez que os municípios beneficiados com tal empreendimento são municípios empobrecidos e historicamente exportadores de mão-de-obra para Caxias, Grande Porto Alegre e Rio Grande mais recentemente. Isto porque sem um investimento efetivo naquilo que é vocação desses municípios, com vistas ao desenvolvimento de todo o seu potencial econômico, de agregação de renda e de melhoria da qualidade de vida, o que ocorre é um êxodo considerável e constante das populações em busca de mais e melhores oportunidades. Neste sentido, não obstante a importância dos investimentos vultosos que ora ocorrem na cidade de Rio Grande e arredores, o fato é que se tais investimentos não forem contrapostos por outros investimentos nos demais municípios da região sul, a tendência já comprovada é que haverá uma enorme concentração de renda e o aumento assustador do êxodo populacional dentro da própria região.

E por falar em Rio Grande, a transcampesina é importante também porque irá criar uma rota alternativa para encurtar as distâncias que separam os municípios da fronteira oeste do transporte marítimo, através do Porto localizado na mencionada cidade.

No caso do município de Herval, pode-se dizer que a transcampesina adquire importância ainda maior. Isto porque pela sua posição geográfica e justamente pela ausência de uma ligação asfáltica com os municípios da fronteira oeste, costumam vir ao município somente as pessoas que tem necessidade absoluta de vir até aqui. Isto é, Herval atualmente é uma espécie de “fim da linha”. Temos, por exemplo, uma enorme riqueza natural e uma paisagem belíssima que poderia ser a base de um magnífico e ambicioso projeto turístico. No entanto, pelas dificuldades e limites de acesso ao município tal possibilidade não consegue ir além da mera intenção. Como exemplo das belezas naturais, podemos citar a recente produção do filme “O tempo e o Vento”, que teve cenas gravadas em Herval, de modo a aproveitar e mostrar ao mundo a beleza natural desta terra.

Além das questões geográficas e dos limites da infraestrutura acima mencionados, é importante ressaltar a vocação econômica do município de Herval. Neste sentido, destacamos alguns dados que confirmam o argumento utilizado anteriormente de que estamos a falar de um município com vocação precípua para a produção de alimentos, onde se destaca a produção de origem animal, mas também com potencialidade para a produção alimentar de origem vegetal. Os limites para o incremento e o desenvolvimento desta vocação residem exatamente na carência de investimentos na agregação de valor à produção, bem como na já referida limitada infraestrutura, sobretudo de estradas.

Vamos a alguns dados que atestam o acima exposto. Segundo informações da Inspetoria Veterinária relativos ao ano de 2011, o número de bovinos do município chega a 104.971 cabeças, divididos em 1.637 propriedades rurais, e o número de ovinos alcança 82.088 animais espalhados por 988 propriedades. Dados do Sindicato Rural de Herval informam que no ano de 2011 foram comercializados no Parque de Remates do município 14.212 bovinos e 7.994 ovinos. De acordo com a mesma fonte, ainda foram comercializados no âmbito do município no ano passado através de remates 39 equinos e 13 bubalinos, totalizando um montante de R$ 11.102.641,00.

Além disso, Herval conta com 11 assentamentos da Reforma Agrária, quase a metade deles situados próximos da rota na qual se pretende a construção da transcampesiana. No total são mais de 400 famílias assentadas em assentamentos do Incra. Sem falar nas populações assentadas por meio do Programa de Crédito Fundiário.

Conforme dados do escritório local da Emater e da própria realidade, a bacia leiteira é hoje a principal alternativa para o desenvolvimento da pequena propriedade em nível local. Neste sentido, a produção leiteira do município gira atualmente em torno a 100 mil litros mensais durante o período crítico da entressafra, estando à produção a cargo de duas cooperativas de produtores, sendo a mesma destinada a atender a demanda do processo industrial do produto in natura realizada pela LG e Cosulatti.

Estes são apenas alguns dados rápidos e superficiais registrados pela produção primária em Herval, mas que servem como amostra da vocação e do imenso potencial para a produção de alimentos aqui existente. Uma vocação e uma produção que poderão ser ampliadas tanto quantitativa quanto qualitativamente, desde que criadas às condições necessárias ao seu desenvolvimento e aprimoramento. Portanto, uma dessas condições é, sem dúvida, a ligação asfáltica ora preiteada, a já nomeada transcampesina.

Apesar dos muitos obstáculos, principalmente as estiagens que castigam anualmente a nossa região, acreditamos que a produção de alimentos é o caminho melhor e mais barato para desenvolver esse pedaço do RS, e para além do aspecto econômico. Junto com ela o turismo é outra excelente e viável alternativa. As pessoas pedem e procuram cada vez mais pelo contato com natureza. O mundo precisa cada vez mais da superação dos entraves que barram o progresso, da soma de esforços e da oferta de alimentos produzidos de forma sustentável e para isso temos vocação, experiência acumulada e potencial de sobra.

Diante do exposto, acreditamos que para transformar o turismo em fonte de desenvolvimento às vezes não é preciso muito mais do que boas estradas. Da mesma forma, para produzir alimentos com qualidade e em grande quantidade, além do investimento no aumento da produtividade e da organização dos produtores com vistas à agregação de valor à produção, também é preciso estradas para escoar de forma rápida e segura a produção. Eis o nosso intento. Esse é o nosso apelo às autoridades e órgãos públicos responsáveis pelo atendimento desta legítima, imprescindível e inadiável demanda que é a construção da transcampesiana.


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