Pensar é preciso


Mesmo com atraso, compartilho um artigo inteligente, sucinto e explendido sobre o vigor de Lula e do lulismo e o começo da derrocada da turma dos sem noção ou fanáticos pelo poder que, a pretexto e na sede de atacar o atual governo, acabam jogando contra o país, fazendo de conta que as conquistas dos últimos anos não aconteceram, apostando todas as fichas na mentira deslavada de que o PT inventou e se alimenta da corrupção, insistindo na tese insana de que as dificuldades que o Brasil enfrenta atualmente na economia não tem nada a ver com a crise econômica que abala o mundo desde 2008, além de destruir os traços de civilidade que a boa política requer e precisa ter.   


Lula deu uma surra no Panelaço

A direita não deve ter ficado muito feliz na noite passada. Porque o fato é: Lula surrou o Panelaço. Aconteceu com o Panelaço o mesmo que ocorrera com o Protesto de 12 de abril: murchou, pifou, depois de uma primeira edição surpreendentemente bem sucedida.

O duplo fracasso – do Panelaço e do Protesto – trai uma verdade doída para os interessados na derrubada de Dilma: seu momento passou.

Passou primeiro porque é simplesmente uma estupidez querer cassar 54 milhões de votos sob pretextos cínicos, falsos e vis.

Segundo porque o governo Dilma e o PT retomaram a iniciativa. Ficou claro, por exemplo, que ao contrário do que a imprensa vinha tentando propagar os problemas econômicos do país não são exclusividade nacional. Fazem parte de um drama mundial.

Foi grande o esforço dos comentaristas das corporações de mídia em levar os inocentes a crer que o dólar alto era um fenômeno apenas do Brasil. Mentira. Houve também uma mobilização conservadora para retratar uma Petrobras aos pedaços.

Outra mentira. As ações da Petrobras não param de subir, e investimentos bilionários na empresa feitos pela China e pela Shell mostram que a mídia brasileira definitivamente não é levada a sério fora do seu quadrado de atuação.

E então chegamos a Lula, a grande estrela do programa do PT que foi ao ar ontem em rede nacional. Para desespero da oposição, Lula demonstrou que é o Lula de sempre. Não apenas exibe vigor físico como continua a dominar a arte de falar e convencer.

É um caso único de poder de retórica no universo político brasileiro. Lula reúne simplicidade e profundidade em seu discurso, e transmite sinceridade mesmo quando fala alguma bobagem.

Comparemos. Aécio fala com pedantismo, com ares de político da Velha República, um Tancredo com implante de cabelo e dentes artificialmente brancos. FHC é aquele professor que repete a mesma coisa há meio século, e que ninguém aguenta mais escutar. Alckmin é uma mistura de Frontal com Dormonid.

E Dilma pensa melhor que fala, muito melhor. Usa frases longas e repete expressões que acabam com qualquer estilo. (Acredito que etc etc, por exemplo). Dilma poderia – deveria – ter treinado a arte de falar em público, mas é preciso reconhecer que mesmo com todas as suas limitações neste terreno ela não teve maiores problemas em lidar com Serra e Aécio.

As circunstâncias precipitaram os debates sobre 2018, e Lula aparentemente leva muita vantagem sobre seus eventuais oponentes. A direita talvez se preocupe com o tom incisivo de Lula nos últimos tempos, mas não há razões para pânico.

Lula está mobilizando a militância do PT com seu discurso ligeiramente radicalizado, o mesmo grupo que provavelmente o levará ao Planalto em 2018. Depois, seu espírito conciliador, de sindicalista acostumado a negociar, prevalecerá.

Num país tão polarizado, tão dividido, tão cheio de ódio, um conciliador pode devolver o sentimento perdido de unidade. Até por isso Lula sobra, desde já, para 2018.


Paulo Nogueira é jornalista, diretor de Redação do site Diário do Centro do Mundo.
Publicado originalmente em: http://correiodobrasil.com.br/noticias/politica/lula-deu-uma-surra-no-panelaco/760628/

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