Para não perder o tato



Há “lejos” ando retirado das rodas e dos papos estritamente partidários. Nem por isso abdiquei ou estou disposto a abdicar da condição de “animal político”, para me servir da surrada definição de Aristóteles. Não é isso.
Não creio ou propugno também que tal opção tenha me tornado um ser humano melhor. Não é este o ponto que pretendo chegar e, a bem da verdade, não tenho a pretensão de que meus escritos me façam aportar em algum canto.
Sim, existem lances no jogo político de causar asco, mas não é só na disputa política que o “homem é lobo do homem”.
Digo isto primeiramente para explicitar que minha opção foi motivada pela conclusão de que era chegada a hora de desfrutar um pouco a vida que existe fora da vida partidária (e aqui falo por mim, pois a maior parte das pessoas consegue militar partidariamente sem se tornar refém ou vassalo de um partido).
Digo-o, em segundo lugar, para esclarecer as razões do diálogo, manchado com as cores da disputa mesquinhamente partidária que hei de lhes contar a seguir:


Em conversa com um certo alguém, notadamente um próceres da proclamada maior agremiação partidária local, fui acusado de ter perdido a moral para me pronunciar em assuntos relativos ao jogo político.
Segundo ele, o meu afastamento do partido que sempre me escudou nas lutas partidárias, procedido logo após a corrida eleitoral e com o fim de atuar profissional e temporariamente no governo em curso no município, teriam representado não apenas a perda da linha política de esquerda, mas também da minha autoridade para agir ou manifestar opinião respeitável sobre o embate político-eleitoral.
Não quis apresentar argumentos de natureza filosófica, de modo a demonstrar a miopia ou mesmo o caráter autoritário do meu interlocutor. Preferi manter nosso debate no ringue político.
Desta forma, saquei da cartola algumas palavras leves e breves que, para minha surpresa, silenciaram-no ensurdecedoramente, colocando ponto final em nossa conversa.
Lembrei-lhe que seu partido, o qual ela julgara incoopitável pelo poder, promoveu (e isto foi logo ali) uma aliança eleitoral espúria com um partido de origem e natureza conservadoramente excludente, única e exclusivamente para retomar o poder. E conseguiu. Ou melhor, conseguiram, até que a casa caiu e no pagar das luzes o tal partido aliado levou a culpa pelas trapalhadas e gulodices do “partidão”!
Lembrei-lhe também, que os cabeças do seu partido quando eram governo não fizeram muito além de distribuir passes de mágica e agir com mãos de ferro. No primeiro caso, ora patrocinando permanentemente o espetáculo do pão e circo, ora alardeando feitos que nunca saíram do papel; e no segundo, tentando calar as vozes dissonantes na multidão.
Disse-lhe e torno a repetir: não aceitei ocupar cargo num governo composto por antigos adversários pelo cargo em si ou por estar premido por alguma violência. Não tenho o que lamentar ou me envergonhar por ter vivido esta experiência. Minha breve passagem pelo time da administração longe de representar a demissão de uma causa, serviu como oportunidade para afirmar princípios que não abri e não abro mão, como a decência que se alia a competência.
Perdoem-me o assunto de hoje. A intenção não é de (re) suscitar polêmicas nem retomar o tom. É só para não perder o tato com as coisas e casos da briga partidária. Vocês hão de me compreender!

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