Entre o Herval que sonhamos e o Herval que podemos ter




Todos nós queremos um Herval pujante e na vanguarda do desenvolvimento, o que se precisa ponderar é que o perfil e a localização do nosso município que nos proporcionam um patrimônio inestimável, sobretudo, no que tange às riquezas naturais, em termos do desenvolvimento econômico se configuram num entrave ou mesmo obstáculo de difícil superação. Portanto, tal cenário ou configuração constitui-se no nosso chão e horizonte, condicionando não apenas o poder público, mas os empreendimentos ou negócios privados aqui desenvolvidos.

Convém lembrar que estamos situados na faixa de fronteira com os “hermanos” Uruguaios, sendo que Herval não está conectado ao país vizinho por meio de uma cidade gêmea (como Jaguarão e Aceguá, por exemplo), condição que despontencializa a geração de riquezas baseada na integração fronteiriça. Bom recordar também que não possuímos ligação asfáltica com os municípios da fronteira oeste gaúcha, obra que poderia tirar Herval da posição de fim de linha, criando um corredor alternativo para acesso ao Porto de Rio Grande.

Além disso, em termos climáticos, nosso município é considerado um deserto verde, na medida em que costuma ser atingido frequentemente pela escassez de chuvas no verão e por constantes enxurradas no inverno. Dados oficiais indicam que a cada sete anos, em cinco sofremos com os efeitos da estiagem. Diante desse cenário, o município que possui pouca ou nenhuma industrialização (setor produtivo que costuma agregar maior valor à produção), tem sua principal vocação e matriz produtiva constantemente afetada pelos efeitos cruéis de fenômenos climáticos adversos. Situação que impõe repetidas perdas e prejuízos aos produtores e à economia local como um todo, além de desestimular investimentos mais “agressivos” nesse setor.

Ademais, como venho martelando insistentemente, Herval é totalmente dependente das receitas provenientes do Fundo de Participação dos Municípios e do ICMS, bem como dos recursos vinculados e convênios firmados com os governos da União e do estado. Frente a esse quadro, é inevitável que nosso município sofra um grande abalo ou mesmo não consiga deslanchar quando o Brasil e o Rio Grande do Sul não vão bem ou andam mal das pernas.

Para piorar, ainda existem alguns limites impostos à realização de investimentos públicos no município e aqui cito dois deles: a Portaria Interministerial nº 507/2011, que impede o aporte de contrapartida física (bens e serviços) em obras de infraestrutura executadas com recursos federais. Só para que o leitor e a leitora tenham uma ideia concreta não somente da morosidade gerada, mas do efeito antieconômico dessa normativa no âmbito local, digo que ela obriga a prefeitura a contratar empresa responsável pela execução das obras públicas, não podendo utilizar nas mesmas a mão-de-obra composta pelos servidores municipais. Outro obstáculo nesse sentido, já mencionado anteriormente, é a localização desprivilegiada do município que acaba impactando e elevando os custos relacionados à logística desses empreendimentos.

Alguém poderá dizer que, não obstante ao que exponho, Herval viveu um boom positivo recentemente... Sim, experimentamos uma verdadeira explosão de desenvolvimento no setor público hervalense, decorrente de uma gestão que “arrumou a casa” em sentido administrativo e montou uma estratégia correta e certeira, porém tal boom não foi produzido localmente nem mantido pela força do poder local. O que se fez foi acertado e digno de todos os aplausos, mas precisa ser visto e reconhecido como fruto da política virtuosa instituída pelos governos petistas no plano federal, o qual introduziu uma lógica e um modelo de desenvolvimento que tirou Herval e quase todos pequenos municípios da margem e colocou dentro da roda de progresso que vinha girando por todos os cantos do país.

Encerro dizendo que a administração local está fazendo sua parte e dando conta da lição de casa. Exemplo disso é que os salários dos servidores seguem sendo pagos rigorosamente em dia e a prefeitura continua livre do fantasma do CADIN que tanto assombrou os hervalenses e impediu a chegada de milhões em investimentos do então governo Lula, durante o período que o principal partido da oposição esteve no comando do município. O fato é que vivemos dias ruins, com os governos federal e estadual inoperantes ou alheios perante as principais demandas e desafios da Sentinela da Fronteira, fazendo com que nossos limites, mazelas e fraquezas fiquem mais visíveis e a realização do essencial se torne um grande feito.

Esse, portanto, é o chão que temos para pisar e o clima enfrentado no momento, porém mesmo com a diminuição do ritmo, a marcha da gestão local continua e as velas vem sendo ajustadas para que se possa acelerar quando ventos mais favoráveis voltarem a soprar na direção da nossa terra, do ambiente dos negócios e da vida de todos nós em sentido coletivo.  

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