Ato político
Assim se posiciona e pronuncia alguém lúcido,
com conteúdo e digno de respeito. Parabéns grande deputado e ser humano digno
Jean Wyllys, quem dera em meio a essa onda de insanidade como diria o poeta,
"se todos fossem no mundo iguais a você". Não estaríamos discutindo
coisas menores e o próprio governo Dilma não teria se apequenado tanto.
SOBRE EDUARDO CUNHA E A CHANTAGEM
DO IMPEACHMENT
O senhor Eduardo Cosentino da
Cunha acaba de entrar para a história política brasileira como uma das
personalidades mais carecedoras de respeito que já
pisaram o nosso parlamento. Não há muito a se esperar de uma personalidade que
não hesita em mentir, chantagear, ameaçar, ocultar, usar o cargo em benefício
próprio e tomar o Executivo, o Legislativo e a República toda de reféns para
salvar sua própria pele. Mas a chantagem barata de Cunha agora há pouco,
acolhendo o pedido de impeachment da Presidenta no momento em que percebeu a
real possibilidade da cassação de seu mandato, vai além do que jamais suporia
Maquiavel.
Estou no Panamá, aguardando a
conexão do meu voo de retorno ao Brasil, mas não queria deixar de me pronunciar
sobre a situação de extrema gravidade institucional em que o réu da Justiça que
preside a Câmara dos Deputados, formalmente acusado pelos crimes de corrupção,
evasão fiscal e lavagem de dinheiro, tem colocado o país. Esse sujeito menor,
eleito com a força da grana e das mais obscuras transações, esse representante
dos "podres poderes" que ao longo do último ano impôs ao Congresso
uma agenda de atraso civilizatório, perda de direitos, conservadorismo, ódio e
preconceito, está agora colocando o país à beira do abismo institucional apenas
por necessidade própria.
Estou extremamente indignado, como
todo brasileiro e toda brasileira deveriam estar nesse momento,
independentemente de sua opinião sobre o governo da presidenta Dilma Rousseff.
Sim, independentemente disso.
Eu faço parte da oposição de
esquerda ao governo Dilma e, embora tenha votado nela no segundo turno por
considerar que o outro candidato era ainda pior, avalio o governo dela como a
maioria do povo: é um governo ruim, cada vez mais afastado das expectativas e
necessidades do povo que o elegeu. Mas não é isso que está em discussão. O
instituto do impeachment não foi incluído na Constituição para destituir
governos ruins. Quem avalia os governos é o povo, a cada quatro anos, quando
vota, e ao longo de cada mandato constitucional, manifestando-se nas ruas se
achar necessário. A democracia, esse sistema imperfeito, mas melhor do que
todos os outros, supõe o respeito pelo mandato popular, gostemos ou não do
resultado das urnas. O impeachment é um remédio drástico, só aplicável em
última instância, quando existe crime de responsabilidade. E não é o caso.
A presidenta Dilma não está sendo
acusada de qualquer crime e não há motivos constitucionais para sua remoção,
gostemos ou não dela ou do seu governo. E aqueles que, como eu, não gostamos teremos
a chance de oferecer ao país uma alternativa nas eleições de 2018. É assim que
a democracia funciona.
O que Eduardo Cunha fez no dia de
hoje chama-se chantagem. Diferentemente da Presidenta, ele está sim acusado de
gravíssimos crimes. Não por mim, mas pela Procuradoria-Geral da República. Um
bandido com contas na Suíça e um longo histórico de envolvimento em escândalos
de corrupção desde que chegou ao poder junto a PC Farias e Collor de Melo está,
há meses, valendo-se da ameaça do impeachment da Presidenta para negociar e
chantagear ao mesmo tempo petistas e tucanos, usando o impeachment como moeda
de troca com uns e outros para se salvar da perda do próprio mandato no
Conselho de Ética da Câmara, no "leilão" mais vergonhoso da história
da República.
Não contem comigo e nem com o PSOL
para essa farsa!
Continuaremos fazendo oposição
republicana e responsável ao governo Dilma, contra os ajustes e as concessões
ao poder econômico e às corporações, mas jamais seremos cúmplices de um golpe
institucional. E continuaremos denunciando a atitude do PT e do PSDB e seus
respectivos aliados, que escolheram negociar com o Diabo em vez de enfrentá-lo
e, por isso, também são solidariamente responsáveis por essa vergonhosa
situação.
Fora, Cunha!
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