Ato político


Política e religião são coisas distintas, porém com algumas semelhanças em alguns de seus aspectos.

Com isso quero dizer que a forma, o conteúdo e mesmo os objetivos políticos e religiosos são diferentes e, muitas vezes, antagônicos. No entanto, assim como na religião, a política também tem suas doutrinas, regras e orientações que acabam por "fazer a cabeça" e dar o tom para os ditos e feitos dos adeptos de todos os matizes políticos.

Portanto, o papo de que político ou partido é tudo igual não faz o menor sentido nem se coaduna com a realidade. Políticos e partidos são – e não faltam provas disso – todos diferentes.

Para ser mais claro e objetivo, lembro que a maioria que votou em Sartori na última eleição para o governo do estado, esperava que Sartori mantivesse as coisas boas e corrigisse os “supostos erros, falhas ou insuficiências” da gestão de Tarso. Infelizmente, não é assim que o jogo político funciona e o buraco é muito mais embaixo.

Tarso defendia e vinha trabalhando forte para a recuperação e fortalecimento da máquina pública como ferramenta para fomentar, regular, induzir e promover o desenvolvimento econômico, social e ambiental do RS.

Sartori faz parte de uma escola política que pensa e pratica o caminho exatamente inverso. Ou seja, para esse grupo político, “o problema é o aparelho estatal e viveremos no melhor dos mundos somente quando formos completamente governados pelo “deus mercado””. Traduzindo: quando a máquina estatal for reduzida ao mínimo, a pó ou a quase nada.

Um filme já visto pelos gaúchos, com mais ou menos intensidade, com Britto (do qual Sartori foi um dos principais defensores e interlocutores), Rigotto e Yeda.

Diante disso, a paralisia de Sartori e cia. nesse início de governo tem menos a ver com a “herança maldita” que ele diz ter recebido e muito mais com o novo velho governo já começando a operar em conformidade com seu estilo e convicções, ainda que tente esconder ou enredar o rastro. Isto é, a questão não é a crise, mas como Tarso anunciou durante a campanha eleitoral, existem dois modelos distintos em disputa no RS, sendo que o modelo vencedor nas urnas em 2014 já começou a mostrar a que veio e para onde vai querer nos conduzir. Apertem os cintos ou soltemos o grito!

Neste sentido, é que se insere o alerta pertinente e preciso de Adão Villaverde.


O NECESSÁRIO DEBATE NO RS
*Adão Villaverde

O novo governo que assume o RS, o faz com um discurso de que recebe o estado com uma crise sem precedentes nas contas públicas, fazendo coro e cena para a mídia, para na verdade preparar uma política de sufoco nos investimentos sociais, nos salários das categorias mais necessitadas, fragilizar as funções e estruturas de estado e dar “calote” nos fornecedores. Preparando quem sabe, as bases objetivas e uma atmosfera favorável na sociedade gaúcha, para a venda parcial ou total de empresas públicas como CEEE, Corsan, Banrisul e Badesul (este já assumido como prioridade).

Este é um velho e surrado método de disputa política que já conhecemos: criar um clima de crise financeira para não assumir compromissos, como já o fez na campanha e atribuir ao governo anterior uma responsabilidade que ele não tem, para que o mesmo fique dando explicações.

Produzindo uma tamanha falsificação nas relações político-republicanas no Estado ao utilizar o termo “rombo” nas contas públicas, que diante do primeiro e real enfrentamento, em que teria que tirar decorrências sérias de tal caracterização, atacou os outros de “hipocrisia” ou “demagogia”, mas na virada do final de semana, voltou a trás tomando do próprio veneno. Ficando a pergunta, como podem “hipocrisia e demagogia” virarem virtude de um dia para o outro?

Um dia, sugere que a pirâmide salarial do andar de baixo tem que fazer sacrifícios, de modo a ser solidária na crise e no outro, sanciona aumento de salários do executivo e demais poderes. Para a seguir, num arroubo “quixotesco”, diz abrir mão do seu salário pessoal, como se esta simbólica, porém pontual iniciativa, tivesse algum significado fundamental no oceano das finanças públicas gaúchas.

Isto revela claramente, que é um governo sem norte e sem propostas claras para governar o Estado e para a política de salários dos servidores públicos, sobretudo aqueles que mais necessitam.

Neste contexto fica evidente, nas primeiras iniciativas do novo governo, em quais ombros recairão os ajustes que ele pretende realizar e que método de disputa política irá recorrentemente implementar: vai atribuir responsabilidades ao governo anterior de tarefas e atribuições que são suas e vai na prática adotar a “hipocrisia” e “demagogia” como seu jeito de fazer política, mas tentando caracterizar que esta é a posição de quem o antecedeu e não a sua.

Para finalizar lembro que é necessário competência e capacitação para enfrentar os verdadeiros problemas do Estado e sobretudo diálogo com a população e o governo nacional, como tivemos por exemplo na renegociação da dívida, na cobrança de créditos da CEEE, no aval de operações de créditos, na atração dos investimentos federais no RS, na cobrança da divida ativa e nos inúmeros convênios com os ministérios da presidenta Dilma.

*Professor, Engenheiro e deputado estadual PT/RS

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