Água encanada nos assentamentos: perguntas e respostas
A obra que prevê a instalação
de sistema de abastecimento destinado a levar água encanada até as residências
dos assentamentos São Virgílio, Cerro Azul a Santa Rita III segue paralisada. No
entanto, o fato da obra estar paralisada desde o governo anterior não significa
que a administração municipal não esteja adotando as medidas técnicas e administrativas
para possibilitar a retomada e o término desse empreendimento. Muito já foi
informado sobre os motivos da paralisação dessa obra, bem como acerca das
medidas que vem sendo adotadas para que a mesma possa sair completamente do
papel. Mesmo assim, quando se trata de recursos públicos, informação nunca é
demais. Por isso, venho novamente a público lançar novos esclarecimentos sobre
o assunto, por meio de um jogo de perguntas e respostas.
Por
que a obra em questão foi paralisada? A obra foi paralisada na
reta final, em razão da empresa contratada não cumprir suas obrigações dentro
dos prazos estipulados, obrigando a prefeitura a rescindir o contrato na data
de 28/07/2015.
Por
que a prefeitura não contratou uma nova empresa para concluir a obra? Depois
da paralisação, a prefeitura realizou três licitações, visando à contratação de
uma nova empresa. No entanto, nos três processos licitatórios (18/04/2016,
11/08/2016 e 13/02/2017) não apareceu nenhuma empresa interessada. Além disso,
no momento de realizar os testes de vazão e da qualidade da água dos poços
artesianos perfurados, no final de janeiro de 2017, fora constatado que o poço
artesiano perfurado no assentamento São Virgílio havia sido obstruído,
provavelmente pela ação de vândalos, inviabilizando a retomada do projeto até
que esse poço fosse desobstruído ou um novo poço fosse perfurado no local.
Como
um dos três poços obstruído pode inviabilizar a retomada de toda a obra? Não
seria mais fácil seguir o trabalho nos outros dois assentamentos contemplados
com o projeto, até que as pendências na São Virgílio fossem resolvidas? Essa
solução foi pensada, porém não é possível porque esbarra na lei das licitações.
Ocorre que a proposta cadastrada pelo Incra junto à Funasa, pleiteando esse
investimento, previa a instalação de sistema de abastecimento de água nos
assentamentos São Virgílio, Cerro Azul e Santa Rita III (como diriam os jovens,
tudo junto e misturado). Dessa forma, contratar a execução das obras em
processos distintos caracterizaria fracionamento do objeto, procedimento ilegal
e passível de penalização do gestor.
Como
esse empreendimento corresponde a dois convênios, TC/PAC 0947/2007 e TC/PAC
0134/2012, firmados em momentos distintos, a prefeitura está obrigada a realizar
um único processo licitatório e contratar uma mesma empresa para executar as
duas obras? Não, estamos tratando de dois convênios diferentes
que, mesmo que sejam complementares, em termos legais são independentes entre
si.
Se
não havia obrigação, por que a prefeitura fez uma única licitação para as duas
obras? Por uma questão estratégica. A prefeitura fez uma única
licitação no de 2013, visando tornar a obra mais atrativa para as empresas
interessadas na obra, depois de tentar licitar apenas o convênio de menor valor
(TC/PAC 0947/2007) e não obter sucesso, pelo fato do mercado estar muito
aquecido e as empresas muito seletivas. Vale dizer que tal estratégia foi exitosa,
uma vez que várias empresas se habilitaram nesse processo, sendo que uma
apresentou as condições para ser contratada e tocou a obra até a reta final.
Então,
o que está sendo feito para retomar a obra, sem desrespeitar as normas legais e
técnicas? Tendo em vista a nova situação do mercado, ano passado a
prefeitura acertou com a direção e técnicos da Funasa, em reunião realizada em
14/09/2017, uma nova estratégia de contratação da empresa responsável por
finalizar esse empreendimento, na ideia de contratar separadamente os serviços
correspondentes aos dois convênios. Além disso, em janeiro de 2017, a
prefeitura encaminhou à Secretaria Estadual de Desenvolvimento Rural e Cooperativismo,
o pedido para que a mesma perfurasse um novo poço artesiano no assentamento São
Virgílio, face às limitações financeiras de prefeitura, como também pela
impossibilidade de utilizar recursos do Convênio para essa finalidade, por se
tratar de etapa concluída. Após longa tramitação, o pedido da administração municipal
desembocou no Termo de Cooperação FPE nº 1183/2017, assinado em meados do ano
passado, sendo que a perfuração do poço foi feita recentemente, conforme fora
amplamente divulgado. Na verdade, pediu-se e foram perfurados dois poços artesianos
na São Virgílio, uma vez que por um lapso no projeto elaborado pelo Incra, 11 famílias
do assentamento ficaram fora desse investimento. Como um segundo poço foi
perfurado, agora é possível ampliar a meta do projeto e atender essas famílias.
E
quais são os próximos passos para, finalmente, atingir a meta de retomar e
finalizar essa obra? Com os poços perfurados, o próximo passo é
realizar os testes de vazão e da qualidade da água, algo já encaminhado pela
administração municipal. Para isso, foi solicitado o apoio da Corsan, que se
comprometeu de dar prioridade a esse pleito e realizar esse trabalho
rapidamente. Depois de feitos os testes pretendidos, a prefeitura precisa
realizar os ajustes e adequações técnicas no projeto e submetê-los a aprovação
da Funasa. Logo após essa aprovação, é possível lançar um novo edital, buscando
a contratação de empresa responsável por executar os serviços pertinentes ao
Convênio 0947/2007, ficando os serviços relativos ao TC/PAC 0134/2012 para serem
licitados num segundo momento. Se tudo der certo, realizando os serviços do
primeiro Convênio, já é possível colocar esse sistema em funcionamento e
começar a levar água encanada às famílias beneficiadas pelo mesmo.
Obra pública nunca é fácil de
ser tirada do papel, pois ela precisa seguir ritos próprios que, normalmente,
caminham em descompasso com o ritmo da vida e das necessidades da população. A legislação
vigente no país estabelece que não basta fazer e atender o interesse público, também
é preciso que os investimentos públicos sejam realizados do jeito previsto na
legislação. Então, os gestores precisam “dançar conforme a música”, para não
serem penalizados. O fato é que a obra aqui discutida é prioritária para a
prefeitura de Herval e não se irá sossegar enquanto a mesma não for concluída,
atendendo seus beneficiários sem gerar nenhum tipo de penalização para os
responsáveis pela sua execução. Apesar da obra estar paralisada, os gestores
desse projeto na prefeitura nunca ficaram parados e muitos passos já foram dados
para que ela possa recomeçar e chegar ao fim. O caminho ainda é longo, mas
agora estamos mais perto de alcançar esse objetivo.
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