PP e PT juntos?




O que era impensável e contraditório há alguns anos, parece-me perfeitamente plausível e aceitável diante do cenário político atual do município: a unidade política entre Partido Progressista e Partido dos Trabalhadores. Vejam bem, faço tal anúncio enquanto possibilidade, pois ainda não existe nenhuma costura em caráter formal neste sentido, o que ocorre quando muito são alguns flertes e breves acenos.
Olhando sob o ponto de vista do PT (e aqui não falo em nome da sigla), penso que a caminhada rumo a esta aliança não representaria nenhum bicho de sete cabeças, seja pelo profundo respeito com que o partido vem sendo tratado pelas figuras mais altas da administração em curso, seja pelas muitas bandeiras levantadas pelo partido no passado recente, a exemplo da aquisição de prédio próprio para o Legislativo; a realização de concurso público para a contratação de pessoal; o respeito ao patrimônio público, com o combate a privilégios e ao desperdício; a recuperação da máquina pública, com a retirada da prefeitura do CADIN e a adoção de mecanismos contemporâneos de planejamento, controle e gestão; que acabaram se convertendo em ações e conquistas do atual governo.
É claro que uma eventual aproximação entre as duas siglas, na perspectiva de construir uma possível aliança eleitoral, suscitaria muitas controvérsias, sobretudo no meio político. E, sobretudo ainda, a ressonância tenderia a ser maior junto ao grupo político que se encastelou em si mesmo, arvorando-se de único representante do bem e dos pobres no âmbito hervalense. Principalmente porque este grupo reúne imensas chances de marchar novamente no mais absoluto isolamento político, por conta dos seus recentes erros políticos e administrativos e o PT, devido a questões ideológicas, talvez seja uma das poucas agremiações partidárias a topar embarcar num barco comandado pelo principal partido da oposição. Uma guinada petista, portanto, cairia como balde de água fria sobre os ânimos oposicionistas, fazendo-os esbravejar cobras e lagartos.
No entanto, é importante lembrar que o grupo hoje oposicionista quando era governo, além da enorme conta contraída junto ao conjunto da nossa sociedade, acumulou uma dívida difícil de ser paga com o PT. Isto porque o partido sempre foi lembrado e acariciado apenas na última hora, nos momentos de vacas magras ou então para dividir o ônus e nunca o bônus da luta em comum. Diziam até que o partido não passava de “piolho pegado”, pouco voto e outras asneiras do tipo. O governo, por outro lado, enfrenta problemas políticos de outra ordem, muito mais por se manter firme na linha republicana que rechaça a negociata ou o abuso, do que por desrespeitar ou desprestigiar aliados. Mas tal postura, sem dúvida, deixou insatisfeitos alguns caciques ou projetos de cacique com “olhos maiores que a barriga”, o que acabou impondo algumas perdas no capital político do governo.
O fato é que existe muita água pra cruzar debaixo da ponte. O jogo político está mais truncado e enrolado do que nunca, mais em decorrência das regras que definem o páreo político-eleitoral no país e menos pela questão ideológica propriamente dita. A novidade, em se tratando de Herval talvez seja que o PT, ao invés de se contentar com a posição de juiz dos adversários, parece interessado em jogar esse jogo, ao mesmo tempo em que mantém firme alguns princípios, como decência e competência.

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