A teoria da conspiração venceu a união de todos pelo Herval?



Nesses tempos que o golpe virou moda e modo de fazer política no Brasil, nossa terra não poderia ficar imune ou deixar de ser atingida de alguma forma pelos efeitos desse mal. Claro que isso não diz muito, mas revela alguma coisa sobre a turbulência que atingiu o governo municipal nessa última semana, com o anúncio da saída do principal partido que integra a base de apoio da administração municipal. Com isso não quero dizer que tal ato tenha o tom e muito menos a intenção de um golpe (até porque golpe normalmente visa entrar, e não sair de um governo), porém da forma inadequada e apressada que foi feita parece decretar a vitória da tática de "jogar o gato no cachorro" adotada pelo grupo derrotado nas urnas em 2016, que antes mesmo da posse do atual prefeito, vem apostando quase todas as fichas em minar o terreno político e dividir o grupo governista alardeando uma suposta conspiração em curso.

Digo isso, porque faz tempos estou no jogo político e venho cumprindo o papel de estrategista e analista das forças e dos cenários políticos da “terrinha”. Assim, não pude deixar de notar que a estratégia da oposição, diante da terceira derrota consecutiva nas urnas, foi de “comer pelas beiradas” e não partir para o confronto direto com o governo, preferindo agir nos bastidores com a finalidade de fragilizar e dividir um grupo que provou ser muito difícil de ser batido no duelo frente a frente. Um grupo que vem apresentando bons candidatos, porém a exemplo dos melhores times de futebol, encontra no coletivo sua grande força e no trabalho em equipe sua maior estrela.

Desse modo, a tática oposicionista foi de se aproximar do prefeito e pessoas próximas a ele, com a conversa que ele havia sido usado. Que o mesmo estava aposentado da vida pública e foi convencido a retornar por ser o único nome do grupo governista com real possibilidade de vencer o pleito de 2016 (e o vice de Ildo Sallaberry que se tornou prefeito da vizinha Pedras Altas?). Que ele ganhou a eleição, mas não o governo, na medida em que teria ficado "amarrado" em cargos de confiança ditos ineficientes ou apenas com papel de "espiões", para atender um suposto compromisso ou interesse do seu antecessor. Que ele não teria do grupo que o elegeu o mesmo engajamento e apoio para governar que fora dispensado ao prefeito anterior, de modo a matar qualquer possibilidade de êxito da sua gestão e, consequentemente, de uma eventual busca pela reeleição.

Do outro lado, faziam conversa semelhante junto ao grupo ligado ao ex-prefeito, de que o atual prefeito era um “estranho no ninho”. Que ele pouco ou nada havia feito para o sucesso da administração anterior. Que ele iria criar um ambiente hostil ou pouco interativo, na intenção de levar algumas figuras do grupo governista a se afastar ou pedir para sair do governo. Que ele iria “correr” meio mundo e ocupar os espaços administrativos com partidos e políticos que nos últimos embates eleitorais vinham atuando na oposição.

O fato é que não existe vazio na política e, se tal anúncio for irrevogável, o prefeito terá que agir para preencher os espaços do governo com siglas e/ou lideranças comprometidas com a governabilidade. Outro fato é que o momento vivido pelo município é completamente diferente daquele momento favorável vivenciado durante quase toda a administração anterior, tendo em vista que nosso município, quando se fala em arrecadação, é completamente dependente da União e do governo do estado, sendo que se antes “as vacas andavam gordas”, nos dias de hoje prefeituras como a de Herval estão praticamente jogadas a sua própria sorte. Como também é fato que a forma com que tal rompimento fora procedido e anunciado - embora a motivação do mesmo seja legítima e, em grande parte possa estar acertada -, é totalmente indefensável por aqueles que entendem que não se pode abrir mão da lealdade e da soma de forças em prol daquilo que realmente importa que é o triunfo do nosso chão e da maioria dos hervalenses.

Em resumo, o cenário que já era adverso diante do momento terrível do país no aspecto político e econômico, com essa turbulência se torna ainda mais adverso, imprevisível e desafiador. Não há como tapar o sol com a peneira e negar que esse episódio é muito grave e, pelo menos, num primeiro momento tende a causar uma onda de instabilidade e um impacto significativo não só no governo, mas nas relações políticas locais como um todo. Em meio a esse turbilhão, esperemos que vença o bom senso e prevaleça o bem de Herval. Afinal, as pessoas, os políticos e as administrações passam, mas a terra que amamos e escolhemos para fazer morada continuará existindo e exigindo nosso talento, generosidade e o melhor que cada um e cada uma de nós pode oferecer.

Comentários

Unknown disse…
Uma análise profunda sobre um episódio lamentável.
Getúlio Dorneles

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