Ato político


Engana-se ou age de má fé quem alega que a esquerda é inimiga mortal e odeia a mídia.

A esquerda é inimiga e odeia ferozmente a mentira, a manipulação escancarada, o uso sistemático e sem tréguas de ferramentas poderosas de comunicação com o objetivo claro de demonizar ou endeusar algo ou alguém, conforme seus interesses políticos e econômicos. Aliás, para tal não precisa ser de esquerda, basta ter bom senso e o mínimo de decência.

Se no passado a briga era para separar a Igreja do Estado, a briga atual é para separar a grande imprensa do mega poderio econômico e bélico mundial, que usa e abusa do poder do Estado para promover a miséria econômica, moral e civilizatória que todos assistem e muitos ainda acusam os principais opositores desse mal de serem os seus causadores, como sempre costuma ocorrer ao longo da história da humanidade no qual os vilões são percebidos como vilões depois que as vítimas e o estrago já estão feitos.

Então, sempre bom reconhecer e saudar os bons jornalistas, como Juremir Machado da Silva. Impossível para qualquer ser humano ou profissional não se inclinar para algum lado. A questão, como diria um velho jargão, é que o árbitro pode torcer para um dos times, o que ele não pode é usar o apito "puxar a brasa" para o seu time.

Nesse mundo que encurtou tanto as distâncias geográficas ao ponto de fazer parecer que elas deixaram de existir, graças ao avanço dos meios de transporte e das tecnologias da comunicação, os jornalistas e a mídia de um modo geral ocupam papel de árbitros, apontando rumos e ajudando a formar os pontos de vistas e até o modo com que os relês mortais se percebem - para o bem ou mal. Nesse sentido, o respeito a verdade e à pluralidade é essencial e pode representar a diferença entre o progresso e o atraso, a paz ou a guerra, a vida ou a morte, a inclusão ou exclusão social, a conquista ou a perda de direitos essenciais à pessoa humana.



CLT desfigurada


O que o trabalhador brasileiro pode comemorar neste 1º de maio? Michel Temer prometeu uma reforma trabalhista que diminuiria o desemprego. O presidente comprometeu-se a vetar alguns artigos medievais. Não o fez. Emitiu uma Medida Provisória corretiva, que caducou sem ser votada no parlamento. O “melhor” ficou bem pior. Está valendo lactante trabalhar em ambiente insalubre. Antes da aprovação da reforma, toda noite um especialista garantia que só a mudança da CLT criaria empregos. No mesmo dia da vitória do seu campo ele surgiu aceso para afirmar que não se deveria esperar emprego a curto prazo. Que cara de pau! Um monumento.

Parte da mídia alardeou uma milagrosa melhora da economia. O país respirava. Dias melhores sorriam para os assalariados. O mercado de trabalho não ficou sabendo. Manchete de O Globo da última sexta-feira: “Desemprego sobe a 13,1% em março e atinge 13,7 milhões de pessoas”. UOL Economia: “Desemprego vai a 13,1% e é o maior desde maio; 13,7 milhões não têm emprego”. Estadão: “Desemprego sobe e analistas pioram projeções para o ano”. O mago Henrique Meirelles terá assunto para explicar na sua campanha à presidência da República. Poderá ensinar como melhorar a economia aumentando o desemprego.

Em janeiro, Michel Temer ainda bravateava para júbilo de O Globo: “Em busca de melhorar sua imagem, o presidente Michel Temer espera que a melhora da economia leve a taxa de desemprego neste ano a um dígito, terminando 2018 abaixo dos 10%”. O presidente pode alegar que ainda tem oito meses para atingir a sua meta. No auge do otimismo, tudo era permitido, até acreditar no pensamento mágico do ministro banqueiro: “Segundo a equipe de Temer, a taxa de desemprego em 2018 pode fechar o ano um pouco acima de 9%, principalmente se forem confirmadas as previsões do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, de criação de 2,5 milhões de empregos durante o atual exercício”. As previsões de Meirelles só afundam.

As preocupações de Michel Temer talvez já sejam outras: saber onde vai morar depois do fim do seu curto e nebuloso reinado. Em São Paulo ou em Curitiba? A Folha de S. Paulo, num momento sincerona, destacou que a “recuperação do trabalho” no governo no Temer contabilizava “bico” como emprego: “Sob Temer, ‘recuperação’ do mercado de trabalho se dá com informalidade e desemprego recorde. Média anual de desempregados dobrou na atual gestão e registra maior taxa da série histórica. Em 12 meses, país criou vagas, mas nenhuma com carteira assinada”. A mídia sabe que não pode esticar demais a corda mesmo quando gostaria tanto de fazer isso. Michel Temer já era. Mas ainda causará estragos por alguns meses.

O trabalhador pode comemorar que a reforma da Previdência emperrou. Quando a mídia ultraliberal diz que a Previdência é deficitária omite que a Seguridade Social é composta por Saúde, Assistência Social e Previdência. Omite também que o bolo de recursos deve vir de um tripé: empregador, empregado e governo (por meios de várias contribuições). Para forçar o déficit, retira-se o governo como parte contributiva e não se fala que o mesmo desvia dinheiro da cesta da seguridade social por meio de um mecanismo chamado DRU, aumentado por Michel Temer, para outros fins. Enfim, na medida do (im) possível, feliz dia trabalho.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Todos contra o Herval que dá certo?

Responsabilidade com a saúde

Um ano de sucesso e vontade de fazer ainda mais!