Lições de um coração que nunca parou de pulsar I



Amor é quando a gente balança, entra no embalo do coração e deseja bater às portas do casamento.

No entanto, além dos cuidados de praxe, é preciso atentar que o amor tem um tempo certo ou um ritmo que é próprio de cada relação.

Ou seja, por maior que seja o amor e a vontade de compartilhar as dores e delícias de estar junto, não dá para queimar etapas. Não dá para se conhecer e logo “juntar os trapos”, pois isso aumenta o risco de ao menos uma das partes não ir inteira ou acabar levando na bagagem questões pendentes ou resolvidas apressadamente.

O casamento também não funciona se for para ficar com um pé lá e outro cá. A menos que seja só por algum tempo ou se acaso se vive em cidades separadas. Como diz a sabedoria popular, quem casa quer casa.

Portanto, mesmo mergulhado num mar de amor se pode perder ou deixar escapar a pessoa certa pela pressa ou por tentar viver do jeito errado.

Casamento ou caso de longo prazo ainda pede mais que as armas usadas no jogo da conquista ou da sedução. Além disso, vai muito além do desafio de manter o chamego ou da busca continua por satisfazer os prazeres do corpo.

Casamento ou amor de longo prazo pede disponibilidade, abertura ao diálogo, entrega, companhia, afinidade, entrelaçamento, trocas, desejo, cuidado, confiança, compreensão, química, atração física e compatibilidade de almas, respeito às particularidades, convergência, conflitos, cumplicidade, saber ceder e colocar-se no lugar do outro, firmeza de princípios, saber somar e dividir, dar mais do que espera receber, voltar atrás e querer seguir sempre juntos e em frente, constante renovação mútua e um montão de coisas mais, sempre conjugadas no plural, para lá do nós e dos nós e no verbo infinito do amor.

Casamento ou caso de longo prazo pede também um investimento pesado e a fundo perdido na vida a dois, sem nunca aprisionar o outro ou transformar a vida do casal num mundinho fechado, distante de tudo e todos, ou cada um seguir vivendo seu próprio mundo, numa solidão a dois, o que é ainda pior.

Afinal, casar não é somente mel ou morar numa mesma casa e o amor, como ensina o poeta, é quando a gente mora um no outro.

Ademais, a que se considerar que nem todos os problemas ou barreiras que afetam a vida do casal foram criados no seio da própria relação. As pessoas têm apertos ou laços que podem vir de antes e ir além do círculo conjugal.

Amar é fundamental, mas cultivar seus próprios gostos, curtir outros amores fraternos e, principalmente, amar a si mesmo é uma ordem e deve vir antes de qualquer outro amor.

Quantos amores não se desfazem pela pressa ou precipitações!

Quantos amores não são jogados pelo ralo porque são vividos do jeito errado!

Quantos amores não terminam pelo descuido com o afeto, a ausência de uma palavra amiga ou uma conversa franca!

Quantos amores não acabam pela falta de alimentar o fogo ou dizer eu te amo!

Quantos amores nunca mais voltam porque ao invés investir no amor se escolheu murmurar as mágoas ou dar vazão ao orgulho ferido!

Quanto amores morrem na casca porque os amantes esquecem que o amor é uma brasa que precisa ser soprada sempre e cada vez mais para se manter acesa?

Reguemos delicadamente a semente do amor e cuidemos das coisas que brotam do coração do ser que nos permitiu entrar em sua vida para lá fazermos morada e semear bons frutos.

Cuidemos bem do nosso amor agora, amanhã e sempre para que ele não definhe, despenque do pé, fuja pela tangente ou vá embora.

E, se acaso ele for embora, se a cabeça for sã e o sentimento infinito, sempre é tempo de voltar atrás, fazer um novo começo e reescrever uma nova e estonteante história de amor.

Se acaso a semente do amor chegar ao leito de morte, se o amor for fértil e valer à pena, não esmoreça, cave suavemente o coração da pessoa amada e plante novamente a semente para que o amor possa renascer melhor, mais forte e ainda com mais viço!

Afinal, amar é uma arte humana e como tal repleta de atos falhos e reinventar o amor faz parte!

Afinal, o amar não torna ninguém perfeito, mas pode conduzir ao melhor que podemos ser, através da caminhada complicada, incerta e sem bússolas pelas idas e vindas do amor!

Se um amor pintar na sua vida não resista, agarre-o, amarre-o, amarre-se, dispa-se, mostre-se, entregue-se, solte-se, salte, ande, invista, insista, chame-o de volta, acenda ou rescenda a chama, curta, compartilhe, pinte, borde, abrace, amasse, esfregue-se, acerte o passo, viva intensamente cada momento. Nunca esqueça que todos nós iremos morrer e todo amor morre se não for bem vivido!

Não basta amar, é preciso saber amar do jeito certo e extravasar o amor que a gente sente.

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