Licença poética
Peço licença uma vez mais para entregar-lhes novas
palavras simples e sutis, arrancadas do fundo do baú do meu ser...
Um ser humano que não sabe se colocar no lugar ou
sentir a dor de outro ser humano,
não sabe estender a mão ou retribuir um gesto de
ajuda de outrem,
pode ter cérebro e forma humana,
falar como humano,
andar como humano,
possuir polegar opositor característico dos
humanos,
enterrar seus mortos como só os humanos fazem,
mas não é humano.
É um arremedo ou bicho vestido de gente.
(Ou seria um lobo vestido em pele de ovelha?)
Humano pensa e pulsa profunda ou desmedidamente.
Humano não é um estado que se alcança natural ou
automaticamente,
e sim uma conquista árdua, suada e permanente
através do tempo e dos gestos.
Tornar-se humano é perceber seu lugar no mundo e o
seu mundo interior e, ao mesmo tempo, ir além de si, das convenções, dos
cabrestos humanos e dos limites da matéria.
É viver o aqui e o
agora e, concomitantemente, projetar-se rumo ao infinito carregado de amor e fé
viva, refletida, incandescente e etérea.
É estabelecer uma comunhão consigo, com os demais seres, com o cosmos e com o Criador.
É fazer o bem sem olhar a quem e ser implacável
com o mal e as trevas sem nunca praticar mal algum.
Humanizar-se é saber raciocinar
e amar sempre mais e infinitamente, mesmo sabendo que esses atos nunca terão
fim ou serão suficientes.
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