Momento poético
Soneto XLIII
Um sinal teu busco em todas as
outras,
no brusco, ondulante rio das mulheres,
tranças, olhos apenas submergidos,
pés claros que resvalam navegando na espuma.
no brusco, ondulante rio das mulheres,
tranças, olhos apenas submergidos,
pés claros que resvalam navegando na espuma.
De repente me parece que diviso
tuas unhas
oblongas, fugitivas, sobrinhas de uma cerejeira,
e outra vez é teu pelo que passa e me parece
ver arder na água teu retrato de fogueira.
oblongas, fugitivas, sobrinhas de uma cerejeira,
e outra vez é teu pelo que passa e me parece
ver arder na água teu retrato de fogueira.
Olhei, mas nenhuma levava teu
latejo,
tua luz, a greda escura que trouxeste do bosque,
nenhuma teve tuas mínimas orelhas.
tua luz, a greda escura que trouxeste do bosque,
nenhuma teve tuas mínimas orelhas.
Tu és total e breve, de todas és
uma,
e assim contigo vou percorrendo e amando
um amplo Mississipi de estuário feminino.
e assim contigo vou percorrendo e amando
um amplo Mississipi de estuário feminino.
( Pablo Neruda )
(Conferido e digitado por mim mesmo e por Rebeca dos Anjos em 27 de outubro de 2012, do livro Cem Sonetos de Amor – tradução de Carlos Nejar. Rio Grande do Sul: L & PM, 1979, p. 55)
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