Ser Cristão é saber amar, ainda que em meio a dor!



Para mim, a escolha de uma religião é assunto de foro íntimo, algo pessoal e intransferível. Por isso, nunca tento converter ninguém para a minha religião e até mesmo evito discutir essa questão.

Religiosidade, no entanto, é assunto irrestrito, inescapável e passível de ser apoiado em bases mais sólidas, muito além das crendices, ritos ou dogmas religiosos.

O fato é que, como anunciou Jesus Cristo, existem muitos por aí dizendo que são Ele, o que mais do que confundir, acaba por infundir teorias e práticas religiosas sectárias e contrárias ao exemplo de amor ensinado e vivido pelo grande Mestre.

“Ninguém vai ao Pai senão por mim”. Cristo não ensinou a escolher essa ou aquela religião, inclusive porque muitas delas nasceram e se sustentam da sede de poder, do ilusionismo, das falsas profecias ou do rancor entre as pessoas ou pontos de vista. Ou seja, são os tiranos ou vendilhões do templo do nosso tempo, e não verdadeiros seguidores do Mestre. O que Cristo pregou e deu o exemplo é que o único caminho para nos tornarmos seres melhores e mais sábios é seguir seus passos de amor e devoção ao próximo, independentemente das convenções ou instituições humanas, especialmente as que afastam ao invés de aproximar de Deus.

Tal episódio se verifica e repete em todas as épocas da humanidade. Não é algo novo e deverá perdurar por muito tempo. O fato é que assim como no passado, é preciso estar atento para não cair na armadilha daqueles que tentam esconder sua má índole ou incapacidade de amar atrás da máscara do Cristianismo. Vejam bem, o que abordo não se aplica aos que tem atitudes anti-Cristãs de forma deliberada ou assumida. Falo dos Cristãos da boca para fora que juram amar Cristo, mas são incapazes de traduzir esse amor em gestos e atitudes concretas em relação a seus semelhantes ou a si próprios.

Esquecem ou ignoram que para seguir Cristo verdadeiramente é preciso amar ao próximo como a nós mesmos, o que implica não fazer a ninguém o que não queremos para nós e ser capaz de se colocar no lugar do outro. É até um insulto ou motivo de descrédito andar com a bíblia debaixo do braço ou badalar o nome de Cristo e fazer exatamente o oposto do que pregam.

Não adianta berrar o nome de Deus ou de Jesus, querer agradá-los com cânticos ou louvores, se as atitudes não estiverem em sintonia com as coisas do Criador. Ou então, imaginar que podem se tornar bons ou melhores apenas orando, louvando ou jejuando da comida, sem colocar a 'mão na massa' ou jejuar dos 'pecados'. O 'Cara lá de cima" até pode permitir que se tenha alguma vitória e conquista temporária em termos materiais como forma de testar, mas se não soubermos ser gratos a Deus e a todos que estão ao redor ou que encontramos pelo caminho, a queda vai ser maior e mais dolorosa que a escalada. O que conta e vale mesmo é aquilo que se sobrepõe e sobrevive a matéria e também aquilo que imprime marcas de amor no mundo.

Deus não é uma fonte dos desejos que existe para atender nossos pedidos e vaidades. Deus também não é como um homem poderoso que procura humilhar, castigar e ser bajulado por seus súditos. Deus é infinitamente bom, soberano e justo e oferece a cada um exatamente segundo suas obras. E não falo de ganhos materiais. A perda ou ganho aqui é de outra natureza e muito mais duradoura que a nossa curta passagem terrena, sendo algo demasiadamente superior à imundície ou os objetos de desejo desse mundo.

O resultado concreto disso é que a religião perde seu verdadeiro sentido, se transformando em mero comércio, mar de oferendas ou culto à bajulação e o egoísmo. Por esta lógica, as escolhas passam a ser obras do acaso e o tom das relações passa a ser o salve-se quem puder ou pagar mais. É como se as pessoas não tivessem mérito, sentimentos ou livre-arbítrio e os erros e mazelas passam a ser atribuídos ao 'diabo', deixando de ser responsabilidade dos indivíduos, com o bem ou mal que isso sempre trás. E não faltam aqueles que tratam os objetos como gente e gente como objetos! E não são poucos os que pensam que tudo que recebem ou alcançam cai do céu, que Deus gosta tanto deles que dá de presente, ao passo que o que perdem ou deixam de ganhar é culpa do 'diabo'! 

Ledo engano! Deus não aceita a inércia, a bajulação, o desamor nem que ganhemos algo em prejuízo de alguém. Sempre que conquistamos algo a custas de outrem nos tornamos devedor, mesmo que não seja algo premeditado. Se o inferno está cheio de boas intenções, ele também está cheio de punhaladas dadas sem a intenção de matar. Resumindo: o que conta é sempre o que se faz, e não o que se diz ou se pretende fazer.

Deus também não espera que a vida se encerre nos estreitos limites da matéria ou da nossa forma de ver e estar no mundo. Portanto, as coisas sempre seguem e avançam, mesmo que fiquemos parados ou quando preferimos andar na contramão. Fomos criados para a eternidade e não será com atitudes vãs, mesquinhas ou contemplativas que haveremos de subir novos degraus em nossa jornada evolutiva.

Procuremos ser Cristãos para além da palavra, fazendo sempre o nosso melhor aos outros e a nós mesmos! Busquemos uma religião, mas procuremos antes e acima de tudo, estar em sintonia com o Alto por meio da mais pura e verdadeira religião que é a prática do bem, da caridade e do amor!

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