Pensar é preciso
Com a política econômica sob
fogo cerrado dos opositores da presidente Dilma Rousseff nas eleições de 2014,
coube ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, o contra-ataque. Contrariado com
as críticas feitas por Arminio Fraga, ex-presidente do Banco Central (BC), no
jornal O Estado de S. Paulo de quinta-feira, 17, Mantega afirmou que a gestão
tucana implantou o regime de metas de inflação, mas não cumpriu.
"Não
dá para alguém que foi do governo, e teve uma inflação média de 8,77% no
período dele à frente do BC, dizer que nós temos inflação alta. Ele trouxe esse
sistema de metas para o Brasil, mas não cumpriu. Temos um desempenho melhor do
que Arminio em matéria de inflação", afirmou Mantega.
Na
entrevista concedida ontem ao jornal O Estado de S. Paulo, em Brasília, Mantega
afirmou que os fundamentos macroeconômicos durante os anos do tucano Fernando
Henrique Cardoso (1995-2002) eram "frágeis", que Arminio deveria ser
"mais modesto" ao falar das taxas de juros reais verificadas na
gestão Dilma Rousseff, e que se os tucanos estivessem à frente da economia
brasileira durante a explosão da crise mundial, em 2008, o Brasil teria
quebrado.
"As
reservas internacionais são um dos pilares dos fundamentos da economia. Antes,
elas não pagavam nem por alguns meses de importação, e hoje elas pagam um ano e
meio de nossas compras externas, que também têm um volume muito maior agora.
Reserva é dinheiro no bolso, e o bolso estava vazio nos anos FHC. Os
fundamentos no período Arminio eram meio frágeis", disparou Mantega, segundo
quem, até nas semelhanças, a gestão do PT na economia é superior. Quando
questionado sobre a volta do déficit na balança comercial em 2013 depois de
quase 14 anos, Mantega foi direto: "Mas nosso déficit é menor do que o
deles".
Juros
Uma
das críticas feitas por Arminio que mais incomodou Mantega foi centrada nas
taxas de juros reais (descontada a inflação). Conselheiro do candidato tucano
Aécio Neves (PSDB-MG), Arminio afirmou que os juros reais neste momento
"são muito altos".
Segundo
Mantega, a crítica é infundada. "Quando eles estavam no governo qual era a
taxa real de juros? Chegou a ser superior a 10% ao ano. E agora ele vem dizer
que as nossas estão altas? Ele precisa olhar para aquilo que ele fez. Arminio
trabalhou com um dos juros mais altos do mundo. Então ele que fique mais
modesto na sua posição", atacou o ministro.
Mantega
também reagiu à comparação feita por Arminio entre a gestão de Dilma e a do
ex-presidente Ernesto Geisel (1974-1979), considerado o mais estatizante e
desenvolvimentista dos governos militares. "Somos parecidos porque no
governo Geisel havia política de desenvolvimento, é isso? E no governo JK não
tinha também? E a política econômica de Getúlio, que instituiu a substituição
das importações? É fácil fazer paralelo com qualquer coisa", disse
Mantega, "mas fato é que não há nenhuma semelhança com Geisel, que não
investia na Petrobras, por exemplo, que é uma das principais estratégias do
nosso governo".
Ele
também negou qualquer impulso protecionista da política econômica conduzida por
ele desde março de 2006. De acordo com Mantega, a crítica de que o Brasil está
mais fechado não faz sentido, e o ministro citou a corrente de comércio (a soma
das exportações com as importações) como exemplo. "Passamos de um volume
de US$ 100 bilhões em 2002 para cerca de US$ 500 bilhões na atualidade. Isso é
fechamento de mercado? O movimento de comércio exterior ficou estagnado na
época em que o Arminio era presidente do Banco Central", disse.
O
ministro afirmou que o tripé macroeconômico, alvo de ataque dos tucanos e de
Marina Silva (PSB), não foi abandonado. Segundo Mantega, a política fiscal
continua sólida, a inflação está sempre abaixo do limite da meta, e a taxa de
câmbio continua flutuante. "Houve períodos de exageros do mercado, e nós
não permitimos a repetição do equívoco que foi feito no período de Arminio,
quando o câmbio se valorizava violentamente. Se teve período que houve
valorização artificial, forçada, foi no período FHC, e foi o mercado que
obrigou o governo a tornar o câmbio flutuante. A flutuação do câmbio veio na
marra; Conosco ela ocorre por decisão nossa", disse Mantega.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo e a matéria foi extraída de:
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