O PT e as cenas política e administrativa local



Ao contrário do que diziam as línguas afiadas da oposição (“o partido de vocês vai ser usado e descartado logo depois da eleição”!), o PT acaba de ampliar sua participação na administração do município. Além de se manter no comando da Secretaria de Planejamento e Meio Ambiente, o ex-vereador Deomar Schaffer, assume como novo Secretário Adjunto de uma das pastas mais importantes da administração, a Secretaria de Agropecuária e Desenvolvimento. Sem dúvida, o espaço ocupado ainda não é condizente com a relevância da agremiação partidária em questão, porém o mais importante é que os compromissos assumidos pelo prefeito estão sendo honrados e que a porta permanece aberta para o ingresso de novos quadros petistas no governo mais adiante, não só no segundo, mas quicá no primeiro escalão.

Mesmo correndo o risco de fugir do tema suscitado, é importante frisar um pouco do papel do PT na política local e na própria administração. Nos últimos anos o Partido dos Trabalhadores tem se notabilizado muito mais pela capacidade de pautar, mobilizar ou informar a sociedade acerca de temas que dizem respeito à vida pública - inclusive determinando algumas pautas que se tornaram pontos principais na agenda política local -, do que necessariamente pelo seu desempenho em termos de votos. E os petistas precisam ter isso bem claro para não darem nenhum passo maior que a perna ou cair na vala comum daqueles que fazem política apenas em troca de cargos ou vantagens.

Neste sentido, todos que atuam na cena política local precisam enxergar e admitir que a decisão petista de lançar candidatura própria em 2004 e 2008 foi determinante para o rumo e o resultado de ambos os pleitos, embora o desempenho pífio do PT. Isto é, ao lançar candidatura própria os petistas não lograram êxito na meta de aglutinar forças políticas e sociais em tornos de si, porém sua presença no cenário eleitoral ofereceu novos ares, novos elementos e novos conteúdos à disputa, favorecendo um dos lados durante a corrida eleitoral. Resumindo: o PT local não tem demonstrado grande poder quanto à conquista de votos, mas tem se revelado um exímio formador de opinião e peça mais ou menos decisiva no jogo político-eleitoral. E o desenrolar e os desfechos desse jogo estão aí para provar o que digo.

Além disso, a decisão dos petistas de compor a base de sustentação do atual governo, num momento em que o prefeito rompia acertadamente a relação com alguns aliados “infiéis”, foi determinante para a governabilidade e como parte da criação das condições políticas necessárias à reeleição. Como? O ingresso do PT na base aliada amplificou e ofereceu maior veracidade e vigor ao discurso de que era preciso colocar os interesses do município acima de qualquer interesse. Esse fato deu ainda mais credibilidade ao comando governista e reafirmou junto à opinião pública a ideia de que os aliados que desembarcavam do governo estavam saindo não pela truculência do prefeito, como alardeavam, e sim porque os ditos aliados tinham “o olho maior que a barriga”.

No governo, os petistas vêm se pautando pela soma de forças e esforços, colocando o interesse público acima das questões partidárias ou ideológicas, sem abrir mão de nenhuma de suas convicções ou bandeiras. Isso dentro da própria administração, mas também em termos de uma rede de contatos e relações que vem sendo criada na região, no estado e até em âmbito nacional. Sem falar no acesso direto a maioria dos órgãos dos governos do estado e da união, o que se traduz na perspectiva de cada vez mais investimentos em nosso município. Outra contribuição importante dos petistas no governo tem sido o esforço permanente para equilibrar o necessário papel político com as exigências de ordem técnica a serem cumpridas pela administração pública e a clara noção de que o espaço institucional não pode jamais se confundir ou ser usado como palco para o desfile de questões de ordem estritamente partidária.

Mais importante que ocupar cargos, defendo que a postura petista tem sido e deve ser de ocupar cargos com o espírito e o compromisso colaborativo de fazer mais e cada vez melhor para os hervalenses e a administração. Por outro lado, os petistas constituem um partido político. Isso quer dizer que não se pode ter uma sede insaciável por cargos, no entanto não se pode ser hipócrita ao ponto de deixar de admitir que manter e ampliar cada vez mais a participação no governo é um caminho importante para fortalecer qualquer partido e enraizar a sigla junto à comunidade. Ademais, como defende o prefeito de Jaguarão Cláudio Martins, o bom e acertado governo de coalização é aquele que valoriza e impulsiona o crescimento de todos os partidos aliados, de acordo com a projeção, representatividade ou importância estratégica de cada um.

Como presidente municipal do PT, sustento que o desafio e a tarefa do partido devem ir além da briga por cargos, o que não significa que se deve abandonar essa luta legítima e necessária. Ou seja, nossa ambição como petistas, muito mais do que querer ampliar os espaços no governo, deve ser de fazer dos espaços conquistados um instrumento capaz de colaborar com o desenvolvimento do município e a melhoria da qualidade de vida da população, o aprofundamento da democracia e dos valores republicanos. Dessa forma, a partir do bom, correto e valoroso desempenho daqueles que oram ocupam funções públicas em nome do PT, será possível conquistar o reconhecimento público e uma projeção política maior, alcançar cada vez mais conquistas para a nossa gente e abrir as portas para o ingresso de novos companheiros na cena pública local.

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