Olhares indiscretos...



O dia de hoje é dedicado a celebrar a “abolição da escravatura” no Brasil.
Este 13 de maio, marca também os quatro anos de lançamento de Um Lugar ao Sul: olhares indiscretos sobre o Herval, livro de minha lavra.
Menciono este fato não para ensejar qualquer tipo de comemoração, mas muito mais para reiterar agradecimentos a todos e todas que ajudaram a partejar esta minha cria. Uma cria que, segundo a crítica especializada (risos!!!), veio ao mundo “linda e sã de lombo”.
No entanto, poucos sabem o quanto me doeu este parto. E aqui falo não apenas dos custos para bancar uma publicação deste tipo. Falo, sobretudo, na caminhada repleta de obstáculos que precisei percorrer até alforriar a pena brotada do meu pensamento, extravasando-a num livro.
Neste dia, gostaria de congratular-me com nossos irmãos negros e negras, que seguem a justa briga por dias melhores, sem perder o rebolado e sorriso de quem sabe “que tudo vale a pena, se a alma não é pequena”.
Neste dia, gostaria também de me exibir um pouco, reproduzindo neste espaço as palavras escritas pelo meu amigo Chiquinho que foram publicadas no livro que lancei há quatro anos...


O Toninho não poderá ser acusado do grave defeito, na fala e na escrita, por utilizar “um estilo demasiado florido e demasiado suave se, além disto, ele nada significa e não pode produzir nenhum efeito além do som das palavras”.
Em seu livro, o Toninho procura o leitor e se alonga em ideias, sentimentos, cheiros, maciez e rugosidade, paladar, fala e silêncio, audição e paisagens. Por isso, de algum modo, todos encontrarão o modo próprio de seu encontro e desencontro com a sua “indiscrição”.
Ele, porém, não pede a concordância do leitor. Expõe-se. O leitor se sentirá puxado por muitas janelas abertas pelo seu texto. Mas o Toninho não pretende aprisionar ninguém no interior do seu discurso.
Se o Toninho persegue a emergência da sua consciência, o faz no contra-curso das águas, em tempos adversos e diversos, rumo ao seu nascedouro. Seu texto não pede gélido distanciamento, ele o construiu nas correntezas das percepções e do espírito.
Abre a porta de sua casa, de seu partido (bastante partido), de sua cidade, da sua educação, de seus gostos, transforma o bastidor em palco, a face em máscara. Mas a indiscrição do olhar, só pode ser entendida com a discrição dos demais sentidos que se insinuam fortes e suaves.
A exposição de si é sempre de algum modo a exposição também do outro. Mas o fim visado não é o ridículo do outro. O livro provoca, apela ao diálogo único meio de impedir o império do eu.

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