O problema é o Toninho, Toninho é o problema
Quem tenta defender
o indefensável precisa apelar para desculpas e argumentos simplistas
e a busca de culpados. Não é virtuoso, mas é do jogo. Assim, diante do golpe
armado pelo vereador petista no final de 2019, que entregou o comando da Câmara
de Vereadores ao partido contrário ao grupo que ajudou ele a conquistar um
mandato e o conduziu duas vezes consecutivas à Presidência do Legislativo, o
argumento que restou aos “advogados do diabo” é que a culpa é desse que vos
escreve. Que por ação ou omissão eu estaria a serviço da força política que eles dizem ser inimiga da sigla. Diante
disso, vamos aos fatos.
De início, regressemos ao final de 2011, ocasião em que o
PT, depois de lançar candidatura própria em duas eleições seguidas (sofrendo
oposição e a rasteira do time do vereador) e após um amplo e
exaustivo debate interno, resolveu ingressar no governo de Ildo Sallaberry (PP).
Vale lembrar a participação nesse enlace político do então prefeito de
Jaguarão, Cláudio Martins, que advogou em favor dessa causa e,
inclusive, participou do ato que selou tal união. Como fruto desse acordo que
foi muito além de cargos no Executivo e teve por base um programa administrativo
comum, passei a ocupar um posto no primeiro escalão da administração
municipal, a partir da indicação do partido e do aval do prefeito da época.
Ressaltando que cerca de um ano antes eu havia sido convidado a comandar uma
Secretaria, dentro da cota pessoal do prefeito Ildo, convite que recusei
justamente por não envolver, naquele momento, um compromisso com o
Partido dos Trabalhadores.
Recentemente, como
presidente municipal do PT, meu papel foi sempre dar espaço e vazão às
diferenças no interior da sigla, quem disser o contrário é mentiroso ou safado
mesmo. Além de ser eleito pelo consenso e numa correlação de forças propositadamente equilibrada internamente, nunca impusemos nenhuma interdição ao debate, ao
contrário; o apelo sempre foi para que as diferentes posições fossem pautadas e de acordo com as regras partidárias. A única coisa que repudiamos foi o ímpeto voluntarista ou desleal de algumas figuras que escamoteiam ou tentam impor seus pontos de vista
na base da força ou da afobação, agindo nas sombras ou "segurando a bola debaixo do braço" quando não reunem força para vencer o embate. Prova do nosso respeito à pluralidade e de que
nunca houve nenhum jogo de cartas marcadas, é que quando certos “companheiros”
deram a "punhalada", o debate eleitoral se encontrava em curso, inclusive com o
vereador tendo colocado seu nome à disposição do partido para concorrer
na eleição majoritária.
O fato é que a escolha da
Mesa Diretora do Legislativo não tinha nada ou pouco a ver com os rumos eleitorais do PT
em Herval. Na eleição da Câmara havia um acordo
firmado e assinado no começo da atual Legislatura, que deveria ser cumprido sem nenhuma exigência; o qual fora rompido com a suspeita de negociação
de benesses com diárias pagas com dinheiro público, como já está se vendo por
aí. Situação inaceitável para nós que nos pautamos pela ética na política, rechaçamos a negociata e não admitimos que os interesses de um mandato fiquem acima de um coletivo partidário. Em termos eleitorais, o PT tinha a alternativa de lançar candidatura
própria (bandeira que empunhamos anos antes e acabamos traídos duas
vezes pelos mesmos que agora lançaram essa tese), além de ser pretendido para
uma aliança com PDT e Progressistas.
Nesse sentido, nunca escondi
minha preferência pessoal, porém como dirigente minha posição sempre foi garantir
o cumprimento do Estatuto Partidário que determina que quando não há consenso
se vota e prevalece a vontade da maioria. Com base nos insucessos e trairagens do
passado, enquanto dirigentes também calçamos o pé e trabalhamos muito em torno da necessidade de priorizar a eleição proporcional (dos 14 nomes possíveis já
haviam 13 postulantes a uma vaga), tendo em vista que uma casa se constrói pelo
alicerce e ainda devido a mudança ocorrida na lei eleitoral que passou a impedir coligações
proporcionais e, consequentemente, que se possa esconder a
fragilidade eleitoral de uma agremiação partidária na sombra de outros, como muitos faziam antes.
Apesar de tudo, sigo seguro do
acerto da posição que assumimos diante do “golpe de dezembro” e do trabalho honesto,
transparente e exitoso que realizamos à frente do PT, o qual levou ao crescimento institucional e na ampliação da base e dos quadros do partido em
âmbito local, algo que foi jogado pelo ralo por um pequeno grupo de irresponsáveis e aventureiros. Fruto da linha de
construção definida democraticamente e das relações políticas estabelecidas no
município, o PT passou a ter papel decisivo na governabilidade da prefeitura
(saindo de 1 para 3 secretários com atuação protagonista em
inúmeras realizações) nos últimos anos; recuperou a cadeira no
Legislativo perdida em 2012, depois da cassação e prisão do vereador petista
que ocupava a Presidência da “Casa do Povo” (fato que repercutiu negativamente
no desempenho eleitoral dos petistas no pleito daquele ano); ampliou
significativamente seu quadro de filiados e, com os votos da base do PDT e o apoio das lideranças ora escolhidas
como inimigas pelo vereador atual, desde a primeira
eleição de Lula em 2002, em Herval o Partido dos Trabalhadores vem vencendo de goleada as disputas
pela Presidência da República. Enfim, o tempo é o senhor da verdade, as urnas
sempre dão o seu recado e valores como decência e competência não podem se render
ou ficar reféns de nenhum golpismo, seja de direita ou de esquerda!
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