Vai o homem, fica a história



Quem faz política com o fígado ou enxerga apenas uma pequena parte do conjunto de uma obra, deve imaginar que eu nutria um ranço absoluto e irreversível pelo ex-prefeito Camarão. Ledo engano! Faço política com a mente e o coração abertos e, por princípio e aprendizado, jamais pessoalizo as coisas quando se trata do universo político. Tanto na vida pública quanto privada, não endeuso e também não diabolizo ninguém.

Camarão que, acaba de partir desse mundo, exerceu sim um papel primordial no contexto político local, dando forma e conteúdo político-partidário a um povo trabalhador, até então, pouco afeito às lides políticas e afazeres da vida pública. Com acertos e erros, ele teve protagonismo e altivez, assumindo a liderança de um grupo social menos favorecido da Sentinela da Fronteira (que até hoje possui raízes muito fortes e profundas em nossa terra) e foi um obstinado por transformar Herval numa espécie de Meca do desenvolvimento (seu erro talvez tenha sido não levar em conta as condições concretas do nosso lugar localizado “longe demais das capitais” e a (in) sustentabilidade financeira desse projeto, tendo em vista a capacidade limitada de geração de riquezas que caracteriza nosso município).

Contudo, não venho aqui fazer julgamentos ou tecer considerações acerca de águas passadas ou questões de caráter administrativo.

Votei no Camarão quando ele concorreu a deputado estadual e, já como quadro petista, estive ao seu lado em 2000, numa eleição da qual saímos derrotados por apenas 89 votos. No meu ponto de vista, se não é digna de unanimidade ou de aplausos efusivos, a primeira gestão de Camarão como prefeito merece o reconhecimento e consideração dos hervalenses de nascimento ou coração, como ele próprio. Foi ele que, bem ou mal, tirou muitos pobres dos bastidores para colocá-los no palco público, sacudiu a acomodação e alimentou a auto-estima da nossa gente e projetou Herval em nível regional e estadual.

Ademais, também merece reconhecimento e consideração a luta de Camarão durante a resistência contra a Ditadura Militar e em prol da democracia, numa época que poucos tiveram a cara e a coragem de não vergar a espinha e colocar a alma e o corpo a tapa (ou coisa bem pior).

Como me incluo entre aqueles que acreditam que esta vida é apenas uma etapa na infinita viagem evolutiva, registro meus sentimentos e desejo que Marco Aurélio Gonçalves da Silva possa seguir sua jornada com muita luz e as boas vibrações da legião de gente humilde que sempre viu nele uma luz no fim do túnel.

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