O desafio de encerrar um ciclo para poder avançar na caminhada
Nunca é demais recordar que nenhum governo
começa do zero. Todo governo é uma herança que, boa ou ruim, impõe limites e cria
condicionamentos para o gestor que assume, assim como para toda a gestão que se
instaura a partir daí. No caso do nosso município não é diferente. Apesar da
herança positiva deixada pelo ex-prefeito Ildo Sallaberry, é preciso considerar
que o cenário administrativo mudou muito na comparação com o período anterior e
que seu sucessor recebeu a agenda lotada no que se refere à pauta de projetos,
uma situação que embora represente um bônus, tem o ônus de “aprisionar” e consumir
grande energia do comandante do município desde janeiro de 2017.
No caso da mudança do
cenário que me referi anteriormente, todos sabem que em termos de arrecadação,
Herval é totalmente dependente das receitas oriundas do Fundo de Participação
dos Municípios e do retorno do ICMS. Como exemplo do quão baixa ou insuficiente
é a receita própria, cabe mencionar que o arrecadado com o IPTU (a maior fonte
de receita própria), não cobre nem mesmo dois serviços essenciais mantidos pela
administração que são a coleta de lixo e a limpeza urbana. Além disso, como
fruto da política de desenvolvimento e combate às desigualdades regionais do
governo de Dilma Rousseff, é bom ter em mente que até 2014 os municípios tinham
acesso a um verdadeiro banquete no que tange a recursos para aquisição de
maquinários e equipamentos, como também para investimento em obras nas diferentes áreas,
como infraestrutura urbana, habitação, saúde, educação, saneamento, etc. Quadro
favorável que começou a mudar com a histeria política que tomou conta do país e
deixou de ser pintado ou foi reduzido ao máximo a partir de meados de 2016, causando impacto negativo e obrigando a desaceleração já no final do governo anterior do município.
Ademais, eu que tive a honra
de trabalhar com Ildo e continuar à frente do planejamento sob o comando do prefeito
Rubem Wilhelnsen, posso dizer que alguns processos de investimentos iniciados na
gestão anterior e que não puderam ser concluídos até o final de 2016, se
configuraram num peso a ser carregado pelo gestor que assumiu a prefeitura ano
passado. Um peso positivo, mas um peso na medida em que passaram a consumir muita
energia e não deixaram muito espaço para a abertura de novos processos na
agenda de desenvolvimento da administração. Ou seja, não se está acusando
ninguém de falta de vontade política ou imperícia administrativa. O que digo é
que o prefeito atual “pegou o bonde andando” e entrou no governo com a agenda
abarrotada no que se refere a investimentos contratados ou emperrados. E aqui falo das 20 moradias populares do programa Minha Casa,
Minha Vida que ficaram inconclusas; da necessidade de retomar e concluir a obra
de instalação de sistema de abastecimento de água nos assentamentos São
Virgílio, Cerro Azul e Santa Rita III; da corrida atrás do início da construção
do prédio do CRAS; das pendências técnicas que precisavam ser superadas para permitir o calçamento de um trecho de uma rua que dá acesso ao hospital e na obrigação de estabelecer a política municipal de
saneamento, cumprindo uma determinação federal e criando a possibilidade de
alcançar novos recursos para investimento nessa área.
Com certeza o prefeito Rubem
recebeu uma administração organizada e funcionando em todas as áreas,
especialmente se formos comparar com 1997 quando o próprio Rubem herdou do seu
antecessor uma prefeitura sucateada e 2009, ocasião em que o ex-prefeito Ildo
assumiu uma máquina pública esgualepada e totalmente desacreditada. Contudo,
mesmo quando se recebe a “casa arrumada” é preciso levar em conta que, além da
mudança do perfil do gestor, os momentos e as condições de governabilidade nunca
são os mesmos. Também é preciso ponderar que pendências oriundas de um governo
anterior podem pautar ou mesmo interferir no ritmo e até nas escolhas do novo
governo.
Já no final do governo do
prefeito Ildo a orientação foi buscar menos novos projetos e focar mais na
conclusão dos investimentos já encaminhados, em curso ou paralisados. Uma orientação
correta que foi mantida por Rubem ao tomar posse. Assim procedem os gestores
corretos e responsáveis, pois mais importante que fazer muito, é fazer e fazer
bem feito. Desta forma, mais do que partir para novas realizações, desde o
início a meta principal estabelecida e perseguida pelo governo chefiado por
Rubem é finalizar os projetos e obras que haviam ficado travados, paralisados ou
precisavam ter início.
Diante disso, reafirmo que,
apesar de alguns percalços, contratempos e do vento que ora sopra
contrariamente, nosso município segue em boas mãos e no rumo certo. Com aqueles que
querem o bem da nossa terra acreditando e trabalhando juntos, logo ali as
pendências serão superadas e novas conquistas que tiveram início há alguns anos
sairão da pauta ou da agenda administrativa, sendo transformadas em realizações
concretas. Com isso, não se estará encerrando um ciclo virtuoso, e sim possibilitando
que a administração possa virar uma página e partir efetivamente rumo a mais
mudanças positivas e novos avanços para Herval e os hervalenses.
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