Pensar é preciso
O que ZH não diz: Quem fez mais contra a crise financeira do RS?
Por Tarso Genro (*)
É importante ressaltar, para uma boa leitura da ZH de hoje, no que concerne a dívida do Estado, medidas fundamentais, de natureza estrutural, que o atual governo teve a coragem de tomar para combater este legado de décadas, consolidado com o acordo feito pelo Governo Britto em 98:
1. Parece incrível, mas o jornal não sabe que o atual governo - com maioria na
Assembleia - já aprovou o Fundo de Aposentadoria, que vincula todos os novos
servidores públicos, vencendo as resistências das altas corporações que
tentaram brecar o projeto no Legislativo; repito, o jornal desconhece que esta
questão está solucionada, por iniciativa do atual Governo.
2. Não é
verdadeira a afirmativa de que a modificação dos indexadores só tem efeitos
"no longo prazo": imediatamente, nós abateremos da dívida do Estado
mais ou menos R$ 15 bilhões, abrindo um espaço de financiamento imediato de US$
1 bilhão! Ora, se isso não é considerado uma conquista extraordinária (reduzir
a dívida e abrir novo espaço fiscal!), é porque o olhar sobre o tema é
ideológico e distorcido.
E esse
olhar está revelado na crítica aos aumentos dados aos funcionários públicos,
que sofriam um brutal arrocho salarial. Ou seja, abater da dívida R$ 15 bilhões
não é nada, mas voltar ao arrocho é uma boa solução. Trata-se, na verdade, de
passar como mercadoria-notícia uma "tese" sobre o Estado: para ter
solução é preciso pagar mal os servidores e, portanto, rebaixar a qualidade dos
serviços públicos.
De outra
parte, convém lembrar que uma das maiores pressões sobre o caixa do tesouro são
as requisições de valores e os precatórios. Originários de onde,
principalmente? Dos aumentos dados pela famosa "Lei Britto", que não
foram pagos pelos sucessivos Governos e que estouraram agora. Essa deve ser a
qualidade de gestão recomendada pelo Editorial de ZH.
Venho
dizendo - desde o início do meu Governo - que não temos divergência sobre o
fato de que existe uma crise financeira estrutural no Estado. A divergência é
sobre como sair dela. O nosso Governo, com o Fundo de Aposentadoria já aprovado
e com a reestruturação da dívida, já acordada, deu dois passos fundamentais
para uma saída de médio e longo prazo. Quem não reconhece isso, ou está em
campanha eleitoral, ou não gosta de lidar com o mundo real, porque ele desmente
suas utopias de direita fundadas na ideologia do Estado Mínimo.
(*)
Governador do Estado do Rio Grande do Sul
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