Licença poética



Peço-lhes licença para entregar-lhes algumas palavras simples e sutis, arrancadas do fundo do baú do meu ser:


Comunicar-se por meio da palavra escrita é uma dádiva ou um castigo. Ou talvez um pouco das duas coisas!
Comunicar-se por meio da palavra escrita é como se despir diante do outro ou da outra; é revelar nossa nudez a quem nos lê, correndo o risco de que essa nossa nudez seja castigada ou abusada literariamente.
Escrevo não como um meio de vida, mas como um modo de expor o meu modo de vê-la, a vida.
Escrevo também para expelir alguns ares da minha alma, aspirados nas vidas alheias que me avizinham, nas vielas do mundo e nas transpirações do meu próprio corpo.

Quanto a estes escritos, tenho a dizer que não os escrevo movido por uma pretensão filosófica ou para atribuir ao ato de escrever um sentido exato.
Não, mil vezes não. Escrevo aqui e agora pelo puro e insaciável prazer de escrever. Sem pressa, pudores ou precisão. Sem lado nem lucubrações nem lógica. Escrevo como uma espécie de orgasmo, e nada mais.

Escrevo, neste momento, como quem envia um recado despretensioso a si mesmo, dizendo: estou vivo, e a vida pode ser solta como um passo de dança ou presa como um nó na garganta. Ou também que a vida, apesar de breve, pode ser leve como um poema ou pesada como o verbo que condena.

Eis que a palavra se insinua inocente, nua e crua. A mim só me resta dar-lhe a mão e brincar com ela completamente pelado e me encharcar com a chuva deste efêmero instante. Que delícia! Que refrescante!

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