Ato político
Em meio a esse
momento lamentável da história política do Rio Grande do Sul, sou tentado a
permanecer em silêncio, pois se abrir a boca e liberar a pena, o fel e a desesperança
acabarão falando mais alto.
No entanto,
sirvo-me do escrito de Sergio Araujo para deixar claro de que lado estou nessa
batalha e que não me calo assim no mais. Estamos perdendo muitas batalhas, mas
não perderemos essa guerra.
Podem esperar
canalhas. Voltaremos!
Sartori não veio para confundir. Veio para destruir
Por
Sergio Araujo
Precisou que se passasse dois
anos deste a última eleição estadual para que os gaúchos se dessem conta de que
Sartori, o personagem enigmático da campanha eleitoral de 2014, ao contrário do
que boa parte dos eleitores imaginou, nada tinha de ingênuo e bem intencionado.
Ele sabia muito bem o que pretendia fazer. Só não podia dizer.
E hoje sabemos o motivo. No seu
script de atuação, redigido em parceria com o que há de mais retrógrado no
empresariado gaúcho, estava a conclusão do trabalho iniciado pelo governo
Britto: Acabar com o que restou da máquina pública do Estado.
Ok. Não tem como não reconhecer
as limitações intelectuais do governador peemedebista, claramente detectáveis
nas suas manifestações públicas, mas isso não lhe reduz a responsabilidade
pelos seus atos. Pelo contrário, aumenta ainda mais, pois fortalece a sua
imagem de “marionete”, inaceitável para quem ocupa o cargo mais elevado da
política gaúcha. Nem o empresário mais otimista esperaria tanto apoio às teses
da categoria como Sartori e sua equipe tem dado.
Mas sejamos sinceros, não é
apenas Sartori que tem “simpatia” pelo companheirismo privado. A maioria dos
deputados que estão votando as medidas recessivas e danosas aos interesses dos
funcionalismo e do Estado, tiveram suas campanhas patrocinadas por empresas
privadas. Não importa se legalmente ou não. E agora, na hora de votar o pacote
de maldades do governador, estão tendo a obrigação de retribuir o “favor”.
Some-se a isso a pratica do velho
e não mais tolerável fisiologismo. Refiro-me ao uso do mandato para a busca de
“espaço” no poder. Seja em cargos do primeiro e segundo escalão, seja pela
conquista de CCs ou FGs, ou até mesmo o compromisso de execução de uma ou mais
obras de interesse individualizado. Uma prática de sedução vergonhosa que é
usada como moeda de troca para os governos atingirem a quantidade necessária de
votos para aprovar seus projetos.
Com uma população atordoada pelos
escândalos de corrupção, que ainda a impede de enxergar com clareza as manobras
sorrateiras dos adeptos da política do interesse próprio, o governo do Estado
tem usado todo o seu arsenal de influência. Tanto interno como externo. No
último caso, movidos por interesses comuns, com predominância do fator
econômico, imprensa e governo pactuam da mesma linha editorial. A culpa é do
serviço público.
Como se isso não bastasse, o
governo Sartori transformou a Brigada Militar numa milícia truculenta e
radical, que ao contrário do acontece no combate a crescente criminalidade, tem
sido impiedosa no ataque aos movimentos sociais. Um legítimo ou vai por bem, ou
vai por mal.
Em meio a essa briga de David
contra Golias, o contribuinte e principalmente os servidores públicos
estaduais, pouco podem fazer para interromper a saga desse governo dominador.
Mas a história é pródiga em mostrar que nem sempre um povo subjugado é sinônimo
de concordância e passividade.
Tal qual um vulcão adormecido, a
grande massa de brasileiros e gaúchos, agrilhoada por interesses pouco ou nada
transparentes, está demonstrando diariamente sua insatisfação com o atual
status quo da política nacional. E quer ver corruptos e maus gestores bem longe
do poder. De preferência na cadeia ou impedidos de exercer cargos públicos.
Talvez leve ainda algum tempo
para governantes e políticos entenderem essa nova realidade. Zumbis da direita
radical, aproveitadores da turbulência social que se propaga no Brasil e no
mundo, ainda precisarão ser recolocados em suas catacumbas. Mas que a
nova ordem social, com o cidadão à frente dos seus interesses, irá prevalecer
não resta nenhuma dúvida. Mesmo que para isso leve algum tempo para reconstruir
o que foi destruído.
Talvez Sartori acredite que veio
para servir de “Salvador da Pátria”. Ou quem sabe o “Imperador dos Pampas”. O
“Todo Poderoso”. Mas o tempo, comandante supremo da Justiça, haverá de mostrar
que o povo sempre tem razão. Tal qual massa de pão que quanto mais apanha mais
cresce, os servidores públicos estaduais e àqueles que dependem dos serviços
públicos irão, a exemplo do que fez Sepé Tiaraju, mostrar que essa terra tem
dono. O povo.
Sergio Araujo é jornalista e publicitário.
Publicado originalmente no site Sul21: http://www.sul21.com.br/jornal/sartori-nao-veio-para-confundir-veio-para-destruir/
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