Ato político


As pessoas de boa-fé (e elas ainda existem aos milhões no Brasil) que quiserem entender o que realmente acontece nesse momento triste da história do país precisam ir ao exterior. Lá a imprensa cumpre o papel de informar, e não o papel deprimente desempenhado pela grande mídia local de apoiar e associar-se a um golpe sujo e friamente calculado que ainda não teve fim, todos sabem que é golpe e nunca teve como propósito enfrentar a corrupção.

 

Bem o oposto, além de assaltar o poder, o golpe sempre teve como objetivo abafar o caso e ainda tentar fazer os grandes corruptos desse país pousar de bons moços e salvadores da pátria.

 

Haja paciência e estômago para aturar tudo isso. Felizes são as moscas que nem sequer tem a consciência que existem. O golpe é tão escancarado, é tanto imbecil postando imbecilidades em blogs e redes sociais que dá até vergonha de ser gente.

 

Mas quem quiser encarar o Brasil real e sem máscaras não precisa sair do país. Tem muita gente séria, lúcida e com conteúdo, a exemplo de Juremir Machado da Silva, publicando e mostrando aquilo que tá na cara, mas muitos fingem não enxergar ou não estão nem aí mesmo por motivos tão evidentes e escancarados quanto o golpe em curso.

 

O país dos pixulecos


O jogo está cada vez mais claro. Joga-se cada vez menos para a torcida. Sérgio Morais faz escola: que se dane a opinião pública. Melhor se lixar para ela. As cartas são marcadas. Lula era o rei dos pixulecos. Acabou. Agora, cada cacique do PMDB tem direito a um uniforme de presidiário. As cartas estão na mesa. Eliseu Padilha, em nome de Michel Temer (que não pode não saber), negocia a salvação de Eduardo Cunha. Nada mais justo. Afinal, todos devem o poder do qual desfrutam ao homem dos trust.

Salvar Eduardo Cunha escondendo a deputada Tia Eron faz parte do jogo. Um jogo que não se pretende mudar. O Procurador-Geral da República pediu ao STF a prisão dos donos do PMDB: Sarney, Cunha, Renan Calheiros e Jucá. Viu que nada acontecia. Teve de vazar seu pedido para sacudir o Supremo.

O ministro Teori Zavascky é o verdadeiro Engavetador Geral da Nação. Geraldo Brindeiro, PGR da época de FHC, era o Arquivador Geral da Nação. Teori guarda na gaveta, como fez com o pedido de afastamento de Cunha da presidência da Câmara dos Deputados, e esquece. Só abre a gaveta quando sente que será atropelado pelos fatos ou por novos julgados alheios à sua vontade e controle.

O fato de que as prisões batem nas portas dos velhos donos do poder traz de volta velhas astúcias jurídicas. As gravações de Sérgio Machado seriam nulas como prova por constituírem flagrante armado. Mas isso não valeu para o caso de Delcídio Amaral. Gilmar Mendes, ministro do STF, acha crime vazar o que seria melhor manter escondido. Não pensava assim quando se tratava de pegar seus inimigos.

O jogo está jogado. Salva-se Eduardo Cunha. A mídia esbraveja por algum tempo. A população, que ajudou a derrubar Dilma, fica fria. Não vai para a rua. A corrupção era só um pretexto. A tempestade passa. A vida continua. Cunha, rei das manobras, só não se salvou ontem por uma manobra. Foi manobra contra manobra. A vitória foi adiada. Talvez só a prisão de Cunha casse o seu mandato.

O golpe se escancara. Só a imprensa brasileira não sabe que está acontecendo um golpe no Brasil. A questão é conceitual. A grande mídia nacional quer o golpe e teima em chamar de golpe apenas o golpe tradicional dos tanques nas ruas. Finge que não vê o grande golpe: o corrupto bancando o moralizador.

O Brasil vive da cultura do estupro, da cultura do racismo, da cultura da desigualdade e da cultura do golpe. São as quatro culturas da brasilidade. A quinta cultura é a cultura do fatalismo conservador:

– Política é assim mesmo.

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