Ato político


Ainda bem que no Brasil ainda existe alguém que dá nome aos bois, sabe colocar as coisas no seu devido lugar e não embarca no mar de mordaças e mentiras que são espalhadas assustadoramente entre nós.

Ufa!!! Apesar dessa onda reinante de emburrecimento e silêncio, Emir Sader segue sendo uma voz forte e que sabe das coisas.


As pós-verdades do governo pós-democracia


(Emir Sader)


Como disse a Dilma, no seu histórico depoimento no Senado, respondendo a um senador que havia estado com a ditadura, “na ditadura não há verdade, só há verdade na democracia”.

O governo instaurado no Brasil com a ruptura da democracia se esmera em confirmar essa afirmação, buscando impor o reino da mentira, junto com um governo de fato, imposto por um golpe.

Se a verdade é a primeira vitima da guerra, igual destino lhe está reservado quando a democracia termina. Quando se instala a guerra à democracia, a verdade também é vitimizada.

O golpe de 1964 foi feito alegando o perigo e o medo correspondente de que uma ditadura se instalasse no país. Para instalar a mais feroz ditadura, que destruiu tudo o que havia de democracia no Brasil. Passaram a reinar o medo e a mentira.

O golpe de 2016 foi promovido alegando que o governo cometia pedaladas e havia dividido o pais. Se pretendia colocar as finanças do país em dia e recuperar a confiança, reunificando o pais.

Tudo deu errado, só restando as mentiras do governo, diante de todos os índices econômicos negativos, do isolamento recorde do presidente, da falta de credibilidade total do governo.

A ideia de pós-verdade – que sucede à pós-modernidade, ao pós-capitalismo, e ao fim da história, da divisão entre direita e esquerda, etc, etc, - foi um componente essencial da campanha de Donald Trump. No vale-tudo eleitoral, o uso da internet para difundir inverdades, mentiras, meias-verdades, fez parte da campanha que levou Trump à vitoria. Não interessa a veracidade de uma notícia, mas sua funcionalidade a um objetivo, neste caso eleitoral.

O governo pós-democrático no Brasil difunde suas pós-verdades como tentativas de justificar as injustificáveis políticas do governo. Diz que o problema do Brasil é que o governo gastou muito em políticas sociais, uma mentira evidente diante dos problemas sociais que continuam a ser o principal problema do país.

Diz que a economia não retoma o crescimento porque o custo da força de trabalho seria muito alto, em um país caracterizado por salários extremamente baixos.

Diz que o Brasil teria feito alianças ideológicas no plano internacional, quando essas alianças foram parte essencial do crescimento econômico do pais, tanto na America Latina, como na Ásia.

As pós-verdades não têm compromisso com a realidade. São produtos de marqueteiros, que fazem com que seus personagens digam o que seria bom que fosse a realidade, não importando como seja esta.

Michel Temer tornou-se um personagem grotesco, em que ninguém mais confia, cujas palavras são motivo de deboche, cuja credibilidade – que ele pretendia encarnar – é próxima de zero. Tornou-se o político mais desmoralizado, cercado de políticos desmoralizados. Constituiu o governo mais corrupto da historia do Brasil. Tem a consistência de uma folha de papel ao vento das denuncias, que fica esperando agachado, com medo.

A pós-verdade é o contrassenso de um governo sem sentido, que se propôs o contrario do que ele é. Só um governo pós-democracia poderia sustentar pós-verdades. Será vitima da verdade e da democracia.

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