“A pior dor da partida é a incerteza da volta”...



AO SENHOR
ILDO ROBERTO LEMOS SALABERRY
MD. PREFEITO MUNICIPAL
N/CIDADE

Senhor prefeito:

Tenho a honra de dirigir-me a Vossa Excelência para, ao cumprimentá-lo cordialmente, solicitar-lhe que seja procedida minha EXONERAÇÃO do cargo que ocupo na Secretaria Municipal de Saúde, sendo tal decisão de caráter irrevogável.
Agradeço pela enorme confiança em mim depositada, bem como pela oportunidade de trabalhar pelo bem do nosso povo, junto a esta pasta tão importante da administração municipal e na vida das pessoas. Do fundo do meu coração, meu muito obrigado!
Este trabalho me ofereceu valiosas lições não apenas no âmbito profissional, mas também para o meu espírito humano. É duro ver a angústia ou a dor alheia tão de perto e com tanta frequência. É gratificante poder estender a mão a quem não encontra onde se agarrar.
Herdamos uma Secretaria mal cuidada, em condições precárias de funcionamento, exatamente porque no passado ela fora demasiadamente desvirtuada em suas atribuições.
Assim, a obrigação legal de criar um padrão adequado – e preferencialmente no próprio município – no que tange aos serviços básicos de saúde, foi sendo convenientemente abandonada ou deixada para depois. Em seu lugar, uma epidemia de conveniências políticas.
De direito, a oferta de medicamentos, transporte social, agendamentos para tratamento fora do município, exames de diagnósticos, além de um padrão satisfatório de resolutividade nos atendimentos clínicos, em conformidade com as normas estabelecidas pelo Sistema Único de Saúde. De fato, o que existia era uma rede paralela erguida ao redor da prestação pública ou conveniada dos serviços de saúde.
E numa Secretaria com poucos recursos humanos na área administrativa, esta concorrência indevida e ilegal com o SUS, teria o poder de precarizar ou até mesmo impedir algumas ações e serviços inscritos na sua lista de obrigações.
Por tudo isso, aqueles primeiros meses de gestão seriam pavorosos: uma enorme demanda represada por um lado; uma avalanche de demandas fora da alçada da Secretaria por outro.
O jeito seria trabalhar, trabalhar e trabalhar. Às vezes acumulando inúmeras funções. Às vezes entrando horas antes ou indo horas além do horário de expediente, sem perceber nenhum adicional por isso. Às vezes abrindo mão da convivência com a família ou do próprio descanso.
Tamanha carga, no entanto, gera um desgaste físico, emocional, mental.
Com muito trabalho e humildade, muitos desafios já foram vencidos. Outros tantos ainda precisam e deverão sê-lo.
Mas pelas razões expostas, não me sinto em condições de permanecer na linha de frente do seu enfretamento. Como diria o poeta, “o que há em mim é sobretudo cansaço”.
Sinto a necessidade de me dedicar a um trabalho que me permita conviver mais com os meus e realizar o sonho de retomar meus estudos.
Mas continuarei aqui, apoiando as iniciativas da administração que caminharem na direção da reconstrução do tecido administrativo e político do município, bem como daquelas que somarem forças e semearem conquistas para o povo hervalense.
Sem outro particular, reitero-lhe votos de agradecimento e elevada estima.

Herval, 11 de maio de 2010.

LUIZ ANTONIO VELEDA
Coordenador Municipal de Saúde.

Comentários

Unknown disse…
Referi-me anteriormente em comentário ao Grande Mestre,que, a Língua Portuguesa é complexa, passível de várias interpretações, e como é! Pois, quando li a frase: " A pior dor da partida é a incerteza da volta"...veio-me várias imaginações/interpretações, e logo, ao tornar-me conclusiva de meu entendimento, ainda vejo que dos mais variados pensamentos sobre essa frase não à entendi. Sei que estás aqui com nós, meu ídolo, mas, não vai sair do Herval?
Desculpa, sairá apenas do trablho? bjs.
Unknown disse…
Este comentário foi removido pelo autor.

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