Todos contra o Herval que dá certo?
Ainda é cedo para cravar o cenário eleitoral de 2024, porém com
base nos posicionamentos e movimentações das principais siglas e atores da
nossa cena política, já é possível arriscar algumas projeções. A primeira é
que, no meu ponto de vista, a possibilidade do surgimento de uma “terceira
via”, que chegou a ser ensaiada no último pleito, é bem menor ou até improvável
agora. Contudo, nenhuma tentativa de mexer no tabuleiro pode ser descartada ou
subestimada. Até porque a disputa pelo poder local é uma das principais paixões
em Herval e, faltando menos de um ano para o início de uma nova corrida
eleitoral, os “aguapés” já começaram a se mexer.
Em relação ao grupo governista, destaco os vários reforços de peso
que chegaram e outros tantos que sinalizaram que poderão estar junto. No mais,
as cartas estão todas postas sobre a mesa. Não é segredo que o prefeito Ildo
Sallaberry comunicou aos líderes partidários e dirigentes do governo que está
totalmente focado em conduzir os destinos da nossa terra e construir novas
conquistas para a nossa gente até o último dia de gestão. Dessa forma, qualquer
definição relacionada a ele disputar ou não a reeleição ficará somente para os
"acréscimos do segundo tempo da partida". Portanto, pelo lado
governista, a única incerteza é se Sallaberry aceitará o desafio de se submeter
novamente às urnas, já que no caso dele não concorrer, não há nenhuma carta escondida
na manga e o vice-prefeito Celso Silveira já está escalado, fardado e pronto
para entrar em campo.
Do lado da oposição, a grande dúvida é se o PDT, finalmente, terá
a consciência do seu tamanho atual, a grandeza de reconhecer o mar de erros e
lama no qual chafurdou na sua última passagem à frente da Prefeitura e a
generosidade de abrir mão da cabeça de chapa, ou se manterá a postura soberba
do “venha a nós o vosso reino”. Lembremos que aquela que logo ali atrás foi de
longe a maior e mais enraizada agremiação partidária do município, eleição após
eleição vem ficando menor, menos representativa e mais incoerente em relação ao
ideário que diz defender, registrando uma derrocada monumental que inclui não
apenas quatro derrotas sucessivas nas urnas, como também a perda acentuada de
lideranças valorosas e militantes “raiz” (os trabalhistas perderam até o
candidato a Prefeito da legenda na última eleição!). Negar a realidade não irá
estancar nem reverter a debandada de quadros históricos que foram reforçar o
time governista, algo que também serve para afirmar a liderança e o perfil
plural, construtivo e agregador de Ildo Sallaberry.
Em relação ao MDB, vislumbro um ar de clara previsibilidade pela
frente (e não digo isso em tom de menosprezo). Isso porque, em termos de representação
legislativa e contrariando o seu próprio DNA, bem como esquecendo que as
pessoas possuem memória, o Partido tem mostrado pouco espírito público e nenhum
jogo de cintura. Assim, seus principais expontes se tornaram iguais àqueles que
antes combatiam ferozmente e se comportam como um irmão siamês do PDT, que fora
seu adversário ferrenho até o desembarque do MDB do primeiro governo do
Progressistas, eleito em 2008. Tal posicionamento de andar a reboque do atraso
e carregar um peso morto nas costas, a meu ver, contribuiu decisivamente para a
perda da cadeira que os emedebistas ocupavam no Parlamento em 2016 e leva a
pensar qual dos dois estava errado ou se toda a hostilidade de antes não passou
de uma farsa, além de revelar um gesto de afinidade e lealdade que faltou à
sigla (que deu a maior sustentação política durante a primeira vitória de
Sallaberry e ocupava posição de destaque no início daquele governo), quando
decidiu atuar como inimigo na trincheira e logo depois roer a corda, num dos
momentos mais difíceis da nossa história e que mais era preciso que os
interesses coletivos fossem colocados acima dos apetites pessoais e
partidários.
Sobre o Partido dos Trabalhadores, enxergo essa sigla que deu um
salto em nível local ao ser contemplada em suas principais pautas para a
população e empoderada pelo grupo governista, mantendo-se firme e confortável
no papel de escada de velhos algozes e passando pano para ideias retrógradas
e personas que simbolizam aquilo que há de pior e mais
atrasado na nossa política. Afinal, essa escolha foi feita ainda em 2020,
quando para caminhar ao lado dessas mesmas figuras deprimentes e mesquinhas,
personagens que andavam afastados da vida partidária (com a alegação de terem
sido traídos e mal representados por Lula e o PT no âmbito federal) ressurgiram
das sombras com o pretexto de retomar o “PT raiz” e aplicaram uma rasteira nos
respeitáveis e experientes dirigentes petistas de então, configurando um golpe
que imitou o golpe desferido na Presidenta Dilma. PT cujo vereador eleito
reconheceu o erro e hoje faz parte da base de sustentação do governo no
Legislativo. PT que preteriu lideranças do campo progressista que estiveram ao
lado e colocaram a cara a tapa na defesa do projeto e das lideranças nacionais
da sigla na hora ruim e diante da caçada insana vivida pelos petistas, em troca
de abraçar antipetistas ferrenhos e representantes convictos do Bolsonarismo
aqui entre nós.
Tudo ainda é muito incerto, porém o mais provável é que a maioria dos oposicionistas se una novamente, tentando esconder seu rastro interminável de contradições e buscando pautar a disputa pela narrativa do bem contra o mal, da esquerda contra a direita e dos pobres contra os ricos. Tentarão, ainda, politizar assuntos de foro particular, tipo que o atual Prefeito pisou na bola e jogou fora um casamento de uma vida toda. O fato, que todos nós sabemos, é que a disputa será das realizações contra a retórica; do progresso contra o atraso; das obras contra a destruição; da sensibilidade social contra o pão e circo; da credibilidade contra o endividamento; do respeito à coisa pública contra os predadores daquilo que é de todos; do bem comum contra o bem do próprio umbigo; da certeza de novas conquistas contra o salto no escuro; da renovação constante contra os novos representantes da velha política; do Herval que arrasa contra o Herval que foi arrasado pela sede de poder pelo poder. Nosso povo não é bobo e sabe que Ildo Sallaberry nunca traiu a confiança dos hervalenses. Nossa gente também sabe que uma coisa é reunir forças divergentes para enfrentar um governo desastroso, outra é juntar "gregos e troianos" para combater uma gestão exitosa e com popularidade em alta. A maioria dos cidadãos da nossa terra ainda sabe que estamos no caminho certo e em ótimas mãos e que somente aquilo que já é bom pode ficar ainda melhor.
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