Precisamos falar sobre o autismo!


Precisamos falar sobre o autismo; falar sobre o autismo é preciso. Isso porque os casos de autismo só crescem, uma questão para a qual a ciência ainda não possui resposta. Sem contar que os autistas têm direito, legal e humano, à inclusão e ao acolhimento, algo que as mentes humanitárias ou simplesmente de bem com a vida, chamam de empatia.

Sou pai de um menino autista. Sou pai porque "o coração tem razões que a própria razão desconhece" e, principalmente, porque o João Lucas me escolheu como pai. Eis uma dádiva e um desafio, embora eu não conviva diariamente com ele. Autistas ou portadores do Transtorno do Espectro Autista (TEA), se não são "retardados", como as pessoas ignorantes ou maldosas estigmatizam, requerem políticas públicas específicas, acompanhamento profissional, além de atenção, cuidados e abordagens diferentes do convencional por parte de todos que os cercam.

Ah, o João Lucas não possui paradeiro na escola! Ah, o João Lucas, volta e meia agride um coleguinha, por ser "mal acostumado" ou "mal ensinado"! Em primeiro lugar, ele tem direito ao convívio social e a frequentar o ambiente escolar. Em segundo lugar, não é ele que precisa se adaptar às regras, ritos ou convenções sociais, pois é justamente essa dificuldade que mais caracteriza o autismo e o torna autista.

Claro que muita gente age com repulsa diante das "estranhezas" ou "mal criações" de um autista por mera ignorância. Óbvio que outros viram bicho porque agem no impulso ou movidos pelo instinto de proteger suas crias. Por certo também, a melhor atitude para os pais de autistas não é sair "tretando" com o mundo ou invocando a letra fria da lei, já que isso ao invés de proteger ou garantir direitos, tende a produzir um efeito contrário e expor ainda mais essas criaturinhas que precisam de compreensão, do apoio de diferentes profissionais e do convívio com pessoas que saibam se colocar no lugar de outrem.

A boa notícia é que autismo não é doença. A má notícia, para as pessoas de coração petrificado, alma pequena ou saber limitado, é que não sendo uma doença, o autismo não possui cura. Autismo é um espectro e, espectro, grosso modo, quer dizer uma forma distorcida, imprecisa ou própria de registrar as impressões acerca do mundo exterior e lidar com o universo das emoções. Portanto, por mais estímulo, abordagens corretas ou terapias que receba ao longo da vida, João Lucas sempre estará preso nesse espectro. O fato é que ele é maravilhoso desse jeito e isso não torna ele inferior nem menos inteligente que ninguém.

Antes de ser autista, João Lucas é gente como qualquer ser humano. De um jeito diferente, mas ele sente. De um jeito próprio, mas ele é super atinado e inteligente. Estigmas e preconceitos não definem ninguém e servem apenas para conduzir ao trono a linguagem tola e cruel da exclusão.

Autistas costumam ser metodicamente rotineiros e qualquer alteração na sua rotina pode representar uma violência contra eles! Não é o autista que precisa modificar seu comportamento que soa como estranheza, mas todo o círculo de pessoas que convive com um autista (repito)!

A questão é que existem casos que o silêncio fere ou ajuda a alimentar uma forma de exclusão, preconceito ou violência, ainda que ela seja velada. A questão é que existem problemas que, para serem resolvidos, exigem muita grana; ao passo que outros se faz necessário apenas um novo olhar e uma mudança de comportamento de quem está no entorno. Nesses casos, basta apenas descer do salto e abrir a mente e os braços para conhecer o desconhecido ou as diferentes formas de estar no mundo, que é sempre uma escola, para autistas e não autistas. 

Infelizmente, existe muita gente que não sabe se colocar sequer no seu próprio lugar, quem dirá no lugar do outro. Infelizmente, em pleno século 21, da era da informação, da comunicação em tempo real em qualquer parte do planeta e da inteligência artificial, tem gente que só enxerga o próprio umbigo e vive como se estivesse no tempo das cavernas. Infelizmente, num mundo que pede cada vez mais ciência e respeito às diferenças e à diversidade, o que não falta são trogloditas ou seres jurássicos que imaginam que tudo e todos para serem normais ou aceitáveis, precisam ser a sua imagem e semelhança!

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