(E)ternamente dona Enilda!
Ela morreu da única coisa que poderia matá-la: o coração! Dona Enilda tinha vários defeitos, como todo ser humano, mas nunca o defeito de não saber amar. Era alguém toda feita de coração, uma "manteiga derretida". Era um ser simples e de luz!
Dedicou à vida a amar os seus afetos, socorrer por meio da oração, quando não dispunha de outra forma de prestar auxílio. Uma mãe amorosa e protetora. Avó e bisavó, igualmente amorosa, zelosa e protetora. Dizia ela que o maior e melhor presente que podíamos dar a ela era a nossa presença!
Há alguns anos, era como se seu espírito estivesse dolorosamente preso ao corpo. Mobilidade reduzida, praticamente sem conseguir sair de casa, ainda que contando com amparo. Desde meados deste ano, a situação piorou e, além de presa ao corpo, ela passou a depender de ajuda para fazer as coisas mais simples do dia a dia em termos de higiene e cuidado pessoal. Estava acamada quase todo ou na maior parte do tempo. Alguém que sempre levantou os outros, mesmo amparada, foi perdendo as forças para se reerguer.
Minha mãe, minha amiga, minha confidente não descansou. Ela se libertou. Enquanto adepto do Espiritismo, estou certo que agora ela vai ter a oportunidade de fazer o que fez desde sempre em sua jornada terrena, que é sentir a dor e estender a mão a outrem, sem olhar a quem. Vai a pessoa, fica o legado de fé, respeito ao próximo, generosidade e amor.
Assim como tenho orgulho e gratidão por ter tido seu Adão Veleda como meu pai, tenho o mesmo orgulho e gratidão imensos por ter tido dona Enilda Garcia Veleda como minha mãe. Uma mulher analfabeta do mundo das letras, altamente graduada e pós graduada em matéria de afeto e trato com gente. Vem dela minha empatia, espírito de trabalho em equipe e preocupação com a dor alheia e as questões sociais, além da defesa intransigente da dignidade da pessoa humana. Justiça era seu segundo nome.
A morte é a única certeza nesta vida breve e desvairada. De acordo com as minhas convicções, a vida continua, ainda que de outro modo e noutra dimensão. Contudo, toda despedida dói, especialmente quando a viagem é apenas de ida. Mas ao invés de lamentar a partida ou chorar, prefiro celebrar e agradecer pelo privilégio do convívio, por todas as orações, bênçãos, carinho e ensinamentos recebidos, desde que fomos ligados pelo cordão umbilical. Ela se foi, mas não nos deixa órfãos, pois realizou o desejo de ver os filhos criados, sempre ao redor dela e com luz própria.
Seguimos juntos, dona Enilda! Nosso laço de afeto não termina aqui e a senhora seguirá viva eternamente dentro e através de mim, seus outros filhos, netos e bisneta! Paz e bem em sua nova etapa da existência!

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