Com Herval não se brinca
Tenho escutado
algumas vozes que dizem que as inúmeras realizações da administração municipal,
capitaneada pelo prefeito Ildo Sallaberry, estão mirando o alvo errado e,
principalmente, não atendem ao desafio de promover o desenvolvimento econômico
parelho do nosso município. Segundo essas vozes, “preocupa o poder público não
trazer investimentos privados para Herval, capazes de gerar trabalho e renda
para a população”. Elas ainda dizem que “falta à prefeitura buscar políticas
públicas que incentivem a produção local, pois atualmente apenas dois ou três
pecuaristas acabam lucrando com esse modelo econômico”.
Pois bem, apesar de
respeitar bastante o ponto de vista acima citado, preciso apresentar algumas
ponderações acerca desse raciocínio ou a “outra face dessa moeda”.
Primeiramente, ressalto que a visão em questão está escorada numa contradição,
vez que no meu entendimento, atrair investimentos privados e promover políticas
públicas que incentivem a produção local são questões distintas ou nem sempre conectadas
entre si.
Sobre a atração de
investimentos privados, realmente o município pode fazer movimentos nesse
sentido. Contudo, a instalação de tais empreendimentos depende muito mais da
estratégia de negócios dos empreendedores que do mero interesse do poder
público local. Em outras palavras, empresário não rasga dinheiro e investe em
locais ou ambientes que possuam o perfil adequado e tenham um potencial
lucrativo maior para o seu negócio.
Nesse aspecto,
importante lembrar que além da agropecuária ser a nossa principal vocação e
matriz produtiva, Herval é uma espécie de final de linha, pela falta de ligação
asfáltica com os municípios da fronteira oeste, sendo essa uma obra já
demandada, avaliada em milhões e milhões de reais, que depende do aporte de
recursos federais para ser executada. Além disso, nosso município enfrenta
sérios limites em termos energéticos, fato que dificulta a instalação de novos empreendimentos,
sobretudo, de médio e grande porte. Um investimento que dependia da ação do
governo do estado e, a partir da privatização da CEEE, agora está atrelado ao
interesse comercial (ou não) da Equatorial Energia.
No que tange as
políticas públicas que incentivem a produção local, com certeza sempre é
possível fazer mais nessa área. De fato, a administração municipal pode ir mais
longe e mais fundo nessa empreitada, mas estamos muito distantes de registrar um
deserto dessas políticas. A patrulha agrícola e as inúmeras ações estruturantes
que visam armazenar água nas propriedades rurais são exemplos de políticas
públicas eficazes, permanentes e bem-sucedidas nesse sentido. Entretanto,
política pública é diferente de “milagre econômico” e, mais uma vez, para além
da vontade do poder público, parte do interesse, da capacidade de organização ou
do espírito empreendedor dos atores do setor privado.
Jogar toda a carga do
desenvolvimento econômico nas “costas” da prefeitura de uma cidade de pequeno
porte revela, a meu ver, desconhecimento do pacto federativo do país (no qual a
maior fatia do bolo tributário se concentra em Brasília) e a visão desconectada
da vida real de que o poder público deve ser um gerador absoluto de riquezas, ao
passo que quando guiado pelo espírito republicano, cabe ao governo exercer o papel ativo e altivo, porém limitado, de regulador do ambiente produtivo; através da indução do
desenvolvimento, mas também do combate às desigualdades sociais e regionais. Isso
de forma articulada entre os três entes federados: federal, estadual e
municipal (assim mesmo nessa ordem).
A verdade é que somos
extremamente dependentes das decisões tomadas nos Palácios do Planalto e Piratini. Outro fato é que após mais de uma década de crescimento com
distribuição de renda, o Brasil voltou a crescer para baixo como cola de
cavalo, situação que nos atinge em cheio e expõe nossas mazelas e fraquezas.
São cerca de 14 milhões de desempregados, sem contar os subempregados. São mais
de 33 milhões de brasileiros passando fome, sem contabilizar os mais de 100
milhões que encontram dificuldade para assegurar a alimentação diária e o
pagamento das despesas básicas.
Nesse cenário, a administração municipal vem operando um verdadeiro milagre, com investimentos em todas as áreas que não apenas melhoram a qualidade de vida e asseguram o acesso da população a direitos essenciais, mas ainda movimentam a economia local e geram trabalho e renda, cujo resultado pode ser visto no grande número de obras particulares de construção civil e na visível ampliação do nosso comércio nos últimos meses. Para além das obras de calçamento e saneamento básico em todos os cantos da Sentinela da Fronteira, o aumento da estrutura física e do número de vagas nas escolas municipais, a abertura de um Museu para resgatar nossas raízes, o recente concurso público para a contratação de novos servidores efetivos, o investimento previsto em torno de R$ 750 mil em instalação de lâmpadas LED em toda a cidade, são exemplos de que a prefeitura não está de braços cruzados e realiza aquilo que está ao seu alcance para construir dias cada vez melhores para todos os hervalenses. Esse é o clamor dos cidadãos em relação à maioria das gestões públicas e a atitude esperada de uma administração que assume suas responsabilidades e honra o compromisso de fazer as coisas acontecerem.
Mais que nunca, não é
hora de inventar a roda, trocar a realidade pelo mundo dos sonhos ou, como
diria o meu pai, “ficar contando com o ovo na cloaca da galinha”. Sabendo o
quanto nosso município já andou tonto e atolado em dívidas de tanto que alguns
o sacudiram ou ficou estagnado pela inércia e desculpismo de outros, estou
ainda mais convicto que estamos em boas mãos e no rumo certo. Nosso município
será sempre aquilo que fizermos dele, nos espaços público e privado! Herval
somos todos nós e com ele não se brinca!
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