Papos na pandemia de olho nos desafios do pós-pandemia
Nesses
tempos de pandemia causada pelo novo coronavírus e da necessidade de manter o
distanciamento social, tenho me dedicado a fazer lives, com os bate-papos sobre
diferentes temas do interesse local sendo transmitidos ao vivo pelo Facebook.
Mais que uma maneira de me manter na ativa e em contato com o “mundo exterior”,
essa têm sido uma excelente oportunidade para o aprendizado tanto em relação ao
uso de ferramentas digitais que já estavam disponíveis há algum tempo,
quanto sobre os principais problemas de Herval antes e no depois da pandemia, como
também algumas soluções possíveis para esses problemas.
Essas lives já serviram para discutir variados assuntos, como as consequências sanitárias
e econômicas da pandemia que vêm deixando um rastro de mortes no mundo e
provocando perdas na economia que poderão ser maiores que os prejuízos causados
pela soma das duas grandes guerras mundiais. Por essas conversas, já passou
gente influente no âmbito local, regional, estadual e até fora do Rio Grande do
Sul. Contudo, a “prosa” que pessoalmente mais me “balançou” até aqui foi a que
tive recentemente com um grupo de jovens “anônimos” (da cidade e do campo) da
Sentinela da Fronteira. Não apenas por serem jovens e “anônimos”, mas porque a
fala deles clareou muita coisa na minha cabeça sobre os motivos que levam
grande parte da nossa juventude a tentar a sorte em outros lugares, bem como
algumas medidas ou investimentos que se pode correr atrás no intuito de
segurar, pelo menos por mais tempo, a gurizada por aqui.
Quando
se fala em investimento é preciso fazer um parêntese e lembrar a capacidade
limitada de investimento da prefeitura contando com os recursos próprios, já
que 82% da receita da administração municipal provêm das transferências financeiras
da União e do governo do estado. Bom lembrar também a política nacional e
estadual de desmonte da máquina pública que já vinha em curso antes da pandemia, cenário que torna ainda mais difícil alcançar investimentos de grande monta,
especialmente para os municípios de pequeno porte. Entretanto, não estamos falando
de realizações da noite para o dia. Além disso, nossa quase invisibilidade que muito
se deve a pouca população do nosso município, também pode ser transformada em oportunidade
que leve a uma maior integração com as cidades vizinhas, sobretudo, Arroio Grande
e Jaguarão; estimulando a formação de um Fórum Permanente de Desenvolvimento,
iniciativa que proponho e pretendo trabalhar muito pela sua construção daqui
para frente.
Retomando
o que eu vinha dizendo, depois da conversa com a gurizada que citei
anteriormente, entendo que uma escola técnica agrícola em nosso meio rural, é
uma conquista de longo prazo e difícil de ser alcançada, porém seria uma medida
eficiente e contundente para estimular nossa juventude a permanecer e
contribuir mais e melhor com o desenvolvimento de Herval. Outra medida indispensável
e certeira nesse sentido seria a aquisição de um ônibus, pela prefeitura,
destinado a realizar o transporte diário até Pelotas dos estudantes que cursam
o ensino superior ou de nível técnico ou tecnológico. Já faz algum tempo a
prefeitura promove uma ajuda financeira para a associação que
organiza o transporte dos estudantes, mas acredito que é chegado o momento de
fazer mais e o poder público buscar maneiras de disponibilizar esse transporte (como
faz a prefeitura de Pedro Osório), que não precisaria ser gratuito, e sim por
um custo baixo que assegure o seu custeio; tornando-o acessível para os atuais usuários e estimulando mais hervalenses a avançar nos estudos, sem a necessidade de deixar nossa terra.
Confesso
que antes desse bate-papo, imaginava que nossa juventude queria mais diversão, acesso
maior a bens de consumo ou a espaços de entretenimento e tecnologias que a “cidade
grande” oferece. Isso também, mas a voz mais forte foi por mais possibilidades
de estudo e uma educação que abra portas ou encaminhe para oportunidades de
trabalho e emprego. Nesse aspecto, as lives que organizo também trouxeram à
tona algumas ideias, que pretendo abordar noutro momento por falta de espaço e para não misturar os assuntos.
Nesses
tempos de pandemia, é possível se manter produtivo e estar próximo respeitando o necessário
distanciamento social. Esses tempos de pandemia nos convidam a um olhar
mais atento sobre os entraves e potencialidades da nossa "terrinha', na perspectiva de criar novas conexões e acender novas luzes que nos apontem soluções para problemas antigos e os que decorrem dessa pandemia.
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