Seminário discute redução no uso de agrotóxicos no RS
Evento
realizado nesta sexta-feira (7) foi promovido pelos deputados Marcon e Edegar
Pretto, e contou com a presença da ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira
Imagine tomar 8 litros
de veneno por ano. Isso parece absurdo? Infelizmente, é o que cada gaúcho
consome de agrotóxicos anualmente, segundo
o Instituto Nacional do Câncer (INCA). No Noroeste gaúcho, região de Santa
Rosa, onde há grandes extensões de plantações de soja, esse número sobe para 30
litros por ano. “Isso é alarmante,” disse a ministra do Meio Ambiente, Izabella
Teixeira, no Seminário A Realidade e as Consequências do Uso de Agrotóxicos no
RS, nesta sexta-feira, 7, na Assembleia Legislativa do RS.
O evento, realizado
pelo deputado federal Dionilso Marcon e deputado estadual Edegar Pretto, ambos
do PT/RS, tinha o objetivo de estabelecer um debate com a sociedade sobre o
impacto dos agrotóxicos na saúde e meio ambiente, e discutir medidas para o
enfrentamento, como políticas públicas que estimulem a produção de alimentos saudáveis.
Durante o Seminário, foi lançada a Frente Parlamentar Gaúcha em Defesa da
Alimentação Saudável.
Brasil
é campeão no uso de agrotóxicos
Desde 2008, o Brasil
ocupa o primeiro lugar no ranking mundial de consumo de agrotóxicos: 1 bilhão
de litros por ano. De acordo com dados da Anvisa, enquanto nos últimos dez anos
o mercado mundial de agrotóxicos cresceu 93%, no Brasil, esse aumento foi de
190%. A estimativa é de que, hoje, cada brasileiro consome na alimentação uma
média de 7 litros de veneno por ano.
Diante de uma plateia
de mais de 800 pessoas, no auditório Dante Barone da Assembleia Legislativa, o
deputado Marcon declarou que neste ano, no Brasil, mais de meio milhão de
pessoas poderão ser diagnosticados com câncer, vítimas do uso de
agrotóxicos. Ele também criticou o uso
de venenos no Brasil proibidos em países da União Europeia e Estados Unidos.
A ministra Izabella
Teixeira alertou para dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). “Entre os
países em desenvolvimento, os agrotóxicos causam, anualmente, 70.000
intoxicações agudas e crônicas. Cerca de 70% dos alimentos consumidos no país
estão contaminados por agrotóxicos,” lamentou a ministra.
O
contrabando de Agrotóxicos
Outro problema
destacado pela ministra é o contrabando de agrotóxicos no País. Tem muito
produtor rural usando agrotóxico banido, que é comercializado ilegalmente no
País, e vem de contrabando de países da fronteira”, afirmou.
Além disso, a venda de
produtos supostamente orgânicos, mas que contêm misturas com agrotóxicos, e a
utilização em excesso de produtos liberados também são questões que precisam
ser regulamentadas.
CAR
é a oportunidade de proteger quem preserva
A ministra Izabella
Teixeira apelou para que os proprietários rurais gaúchos façam o Cadastro
Ambiental Rural (CAR) para acabar com o “achismo” ambiental. “Todos os imóveis
rurais devem ser cadastrados para que sejam identificadas as Áreas de
Preservação Permanente, Áreas de Reserva Legal e Áreas de Uso Restrito nas
propriedades, além das áreas que precisam ser recuperadas (passivo ambiental),”
explicou Izabella.
Ela mostrou um mapa com
dados oficiais que revelam que o RS é o estado com menor número de propriedades
cadastradas.
Alimentação
orgânica é uma alternativa
O consumo de alimentos
orgânicos - não contem agrotóxico no cultivo- é uma alternativa ao uso de
venenos. O deputado Marcon reside no
Assentamento Capela e integra uma cooperativa que produz alimentos sem
agrotóxicos. “Nossa cooperativa colhe, por safra, mais de 50 mil sacas de arroz
orgânico, além de criar suínos e produzir leite, o que demonstra que é possível
obter lucros sem usar agrotóxicos,” explica o parlamentar.
Quanto ao fato de que
os alimentos orgânicos ainda são um pouco mais caros em relação aos
tradicionais, Marcon conclui: “O que você gasta a mais com os orgânicos, vai
economizar na farmácia em remédios.”
Texto: Marci Hences
Fotos: Guilherme
Bertollo
Assessoria
de Imprensa deputado Marcon
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