Ato político
As sandices e o obscurantismo Bolsonarista estão aí. A negação da ciência e dos valores civilizatórios e a tentativa contante de consagrar o senso comum e a estupidez não são nenhum mito e, com a força das "fake news", triunfaram nas urnas em 2018.
Contudo, a vida e a luta política vão muito além das urnas.
O bolsonarismo representa apenas uma parcela da sociedade brasileira e de um país com dimensões continentais que é o Brasil.
Ainda existe luz no fim de túnel, vida inteligente e vozes sóbrias, a exemplo do grande Fernando Haddad.
Vamos virar esse jogo mais cedo do que muitos pensam! Venceremos! Logo, logo essa onda do mal vai passar e o Brasil reencontrará sua mehor versão e voltará a ser motivo de orgulho e vida digna para brasileiros e brasileiras.
Recuos
e entregas
“Não vamos falar de invasão, não
estamos bem de armamento, nós não podemos fazer frente a ninguém”.
Essa foi a resposta do
nosso atual comandante em chefe das Forças Armadas quando perguntado se
cumpriria a ameaça feita pelo clã durante as eleições de entrar em conflito
armado com a Venezuela.
Limitado pelas
circunstâncias materiais e sem apoio externo, Bolsonaro deixava
claro que só não partia para a briga porque realmente não podia, num gesto
resignado.
Algo
semelhante se passou com a promessa de transferência da embaixada brasileira de
Tel Aviv para Jerusalém. Sabe-se o quanto essa questão é cara a cristãos,
judeus e muçulmanos. Jerusalém é considerada a “capital” das três religiões
monoteístas.
Diante da
ameaça feita pela Liga Árabe de reagir à medida, inclusive comercialmente,
Bolsonaro afirmou: “nós talvez abramos agora um escritório de negócios em
Jerusalém”.
Outra bravata
foi a provocação à China. Querendo cutucar dragão com vara curta, aparente mal
de família, Bolsonaro, depois de atacar nosso maior parceiro comercial, visitou
Taiwan, afrontosamente.
Num recado do próprio governo
da República Popular, o jornal chinês Global Times disse que Bolsonaro
precisaria de “algum tempo para se familiarizar com a política externa”.
Sandices à
parte, Bolsonaro voltou ao jogo nas últimas semanas. Num primeiro momento,
cancelando acordo secreto feito com o governo paraguaio sobre Itaipu.
Presentes todos os
ingredientes de um escândalo, envolvendo o suplente do senador Major Olímpio (PSL-SP)
e o grupo Léros (que explora nióbio), o objetivo do distrato foi tentar
“salvar” o mandato do presidente Benítez e, talvez, o seu próprio.
Agora,
Bolsonaro tenta influenciar as eleições argentinas, chamando o vitorioso nas
primárias de “bandido”, desconhecendo que a vantagem até aqui do peronismo,
pelo menos em parte, deve-se a seu apoio a Macri.
O mais importante, contudo,
continua submerso. Enquanto Bolsonaro arruma confusão com Alemanha e Noruega
acerca da Amazônia, desdenhando apoio internacional pela sua
preservação, no que conta com apoio de generais bolsonaristas e sua tosca visão
de soberania, Guedes cuida do que realmente importa: a Amazônia Azul, nosso mar
territorial.
É aí que se encontram as
reservas petrolíferas do pré-sal. E é a Petrobras que detém a tecnologia para explorá-las a
preços competitivos. Segundo Guedes, Bolsonaro está cada vez mais sintonizado
com a agenda de privatização e cobrou pressa. “Já já chega
na Petrobras”, assegurou.
Fernando Haddad
Professor universitário, ex-ministro da Educação (governos Lula e Dilma) e ex-prefeito de São Paulo.
Artigo
publicado originalmente na Folha de S.
Paulo
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