Ato político
Pobre país rico
Os ataques
à Petrobras atendem aos interesses de países no centro de
poder mundial de olhos nos recursos energéticos do Brasil. É a imposição da
agenda do sistema financeiro mundial. O mercado é uma entidade cuja relação com
o Estado é a de explorá-lo e dele retirar o maior lucro possível.
A indicação de Roberto Castello Branco para a
presidência da Petrobras será a concretização desse objetivo. A empresa será
esquartejada e distribuída entre petroleiras estatais de outros países e o
nosso petróleo produzirá o desenvolvimento dessas nações.
O Iraque, a
quinta maior reserva de petróleo do mundo, mas pobre, foi invadido em 2003, sob
o argumento de possuir armas de destruição em massa.
Os EUA e
Saddam Hussein eram parceiros desde 1963, desde a deposição do ex-presidente
Abdul Kassem. Hussein foi alçado a presidente pelos EUA no fim da década de
1970.
Quando
Hussein, após mais de 20 anos, anunciou a venda do seu petróleo, em euro, foi
derrubado, julgado sumariamente e enforcado, em 2006, no Iraque invadido pelo
governo George Bush.
Naquele ano,
o Brasil anunciou a descoberta da sua maior reserva de petróleo, o pré-sal.
Em 2008, a Petrobras começou a extrair os primeiros
barris. Em 2010, o governo aprovou a lei da partilha, que substituiu o modelo
de concessão. De forma geral, a principal diferença entre os dois modelos é
que, pela concessão, o petróleo é de propriedade da empresa que o explora,
pagando uma parte ao Estado. Pela partilha, o dono do petróleo é o País. No caso,
o Brasil.
Além de
proteger o pré-sal, como patrimônio brasileiro, o governo implantou e
consolidou uma política de conteúdo nacional para
estimular a indústria do setor de gás e petróleo.
Devido aos investimentos, em 2015 a Petrobras
recebeu o mais importante prêmio que uma petroleira do seu porte pode receber,
o OTC Distinguished Achievement Award for Companies, Organizations and
Institutions, pelo desenvolvimento de tecnologias.
Entre 2011 e 2017, a liquidez corrente da empresa
oscilou entre 1,5 e 1,9. Ou seja, para cada 1 real investido, a companhia
recuperaria entre 1,50 e 1,90 real.
Destarte, é fácil compreender porque o valor de
mercado da Petrobras passou de 50 bilhões de reais, em 2003, para 214 bilhões
em 2016. O que fica realmente difícil de explicar, diante dos números, é o
ávido interesse de todas as grandes petroleiras do mundo em comprar uma empresa
teoricamente quebrada.
Castello Branco critica o monopólio estatal da
perspectiva rentista. O resultado de uma estatal não pode ser tomado apenas dos
pontos de vista do lucro e do prejuízo. Leva-se em consideração a sua
contribuição para o desenvolvimento do País.
O subsídio aos combustíveis entre 2011 e 2014 foi
para que os pobres consumissem gasolina e gás de cozinha e não causou prejuízo
à Petrobras. No período, o valor positivo do caixa da empresa oscilou entre
33,03 bilhões de reais e 26,6 bilhões.
O que está
em jogo é a soberania do País, a autodeterminação de investir sua riqueza onde
e como lhe convier. Pelos resultados conquistados, fica patente a competência
da empresa para gerir essa imensa riqueza brasileira, o nosso passaporte para o
futuro, como disse o ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva.
A partir de 2016, os preços internos de
combustíveis foram colocados acima dos praticados no mercado internacional,
paralisando as 15 refinarias brasileiras, gerando empregos e impostos em outros
países, como nos EUA.
O novo
governo é patriota de outras nações. São brasileiros que se contentam em ver o
Brasil como uma eterna colônia fornecedora de commodities para
o desenvolvimento de outros povos. Isso tem nome: traição e sabujismo.
Por Enio Verri, deputado federal pelo PT-PR
Publicação
original em: http://www.pt.org.br/enio-verri-pobre-pais-rico/
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