Qual desenvolvimento queremos para Herval?

Queremos um município que explore sua vocação histórica e valorize a sua melhor versão ou que se torne parecida com as cidades grandes e repleta dos perigos da vida contemporânea?

Sim, Herval tem muito para avançar em termos econômicos. Não é esse o ponto. A questão é qual desenvolvimento queremos e qual é possível ou desejável.

Faz tempos que eu escuto pessoas dizerem que Herval é a "terra do já teve", gente que perdeu o trem da história e não enxerga o tanto de coisas que não existiam e passamos a contar. Gente que argumenta que nossa terra vem perdendo população, sem olhar para a realidade dos vizinhos, como se vivêssemos numa ilha.

Aliás, em comparação com a maioria dos municípios da nossa região, vivemos atualmente uma ilha de prosperidade, com a realização do maior volume de obras públicas da nossa história, que ajudam a girar a roda da economia e tornam nossa terra cada vez melhor para viver, produzir e visitar.

Mesmo Pelotas, cidade Polo Regional, há cerca de três ou quatro décadas perdeu sua pujança econômica e se transformou em exportadora de gente, com o fechamento de indústrias, comércios e, consequentemente, inúmeros postos de trabalho. Portanto, essa questão é real e preocupante, porém precisa ser vista num contexto bem mais amplo e não atribuída especificamente a Herval e outras cidades de pequeno porte.

Rio Grande, por exemplo, atraiu recentemente gente de todo o país, sendo que os empregos gerados pelo Polo Naval foram embora e ficou a violência em larga escala para o poder público dar conta. Portanto, nem tudo que parece ser desenvolvimento, de fato é sinônimo de desenvolvimento sustentável e saudável, com algumas iniciativas por mais bem intencionadas e meritórias que sejam, podendo trazer junto muitos efeitos colaterais.

O que precisa ser discutido e, sobretudo, demanda soluções concretas e imediatas é o empobrecimento da Metade Sul do RS, que não é de hoje nos deixou bastante atrás quando se compara com a metade norte e a região metropolitana do Estado.

Herval não possui shopping center, não conta com cinema, não possui linhas de transporte público urbano, não tem aeroporto, não dispõe de muitos pontos ou atrativos turísticos. Por outro lado, também não temos a violência das metrópoles; não contamos com o trânsito caótico das cidades grandes; não sofremos com as inundações que recentemente assolaram várias cidades gaúchas; não precisamos ter a pressa e o estresse das capitais; não temos reações alérgicas ou que tapar o nariz por conta do mau cheiro e da poluição; não necessitamos ser escravos do automóvel para ir e vir, não enfrentamos o crime organizado e o risco de ser vítima da violência é quase zero...

Quem vive ou visita Herval, está em busca de hospitalidade, do contato com a natureza, de calmaria e sossego, da oportunidade de sair à rua sem medo de ser assaltado, da possibilidade de "voltar" um pouco no tempo. Ou entendemos isso ou não entendemos nada ou, quem sabe, escolhemos o lugar errado para fazer morada!

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