Ato político
Juremir, atual e preciso como sempre.
Fantasmas
do comunismo
Bolsonaro persegue
espectros?
Jair Bolsonaro esteve nos Estados
Unidos. Como sempre, atacou o comunismo.

Olavo de Carvalho criou o mito de que o
tal Foro de São Paulo seria a internacional comunista da América Latina. Até
pode ter sido o sonho de alguns, mas também ficou pelo caminho. Olavo não é
filósofo, embora se interesse pelo assunto. No passado, foi astrólogo.
Considera a sua astrologia erudição. Os filósofos não querem debater com ele
para não o promover ao que não é. Paulo Coelho é de esquerda. Olavo de
Carvalho, de direita. Entre eles há em comum uma matriz mística. São rebentos
dos anos 1960. Olavo fez de uma suposta ameaça comunista o seu cavalo de
batalha para o poder intelectual. Aparelhou com palavras de ordem,
simplificações e repetições um grupo capaz de conseguir votos para empalmar o
poder. A estratégia funcionou por ser simplista.
É o paradoxo das redes sociais. O
simplismo é mais convicente.
Chamar social-democracia de comunismo
surte mais efeito.
O que querem os anticomunistas de
Olavo? Implantar um modelo tão ideológico quanto o dos comunistas combatidos.
Não por acaso o ministério da Educação é a base desta nova Internacional
Anticomunista. A exemplo dos comunistas, os anticomunistas também cultuam
personalidades. A Espanha edificou Franco. O Chile elevou Pinochet. O ministro
da Educação, o colombiano Vélez Rodriguez, tentou emplacar o embrião de um
projeto de culto ao novo líder. Os freios e contrapesos da democracia não
deixaram. Mas a vontade de aparelhar pela direita continua viva.
A Internacional Olavista Anticomunista
(IOA), com sede na Virgínia, nos Estados Unidos, também se fundamenta na
construção do novo homem. No caso, o velho, com a salvação do modelo ocidental
de civilização dominado pelo homem branco heterossexual com seus rituais,
valores e funcionalidades. A escola e a família devem ser os centros
irradiadores de uma visão de mundo tradicional e compacta. Não se trata de
apenas ensinar matemática e língua portuguesa, mas de substituir sociologia e
filosofia por moral e cívica para incutir padrões e valores.
Para lembrar uma expressão que fez
sucesso em outros tempos, com a assinatura de Louis Althusser, para o olavismo,
assim como para os seus criticados, a escola deve ser Aparelho Ideológico de
Estado (AIE), com a função de transmitir e reproduzir a ideologia considerada
fundamental para o regime. Ao contrário do que sugere astuciosamente a ideia de
escola sem partido (sem ideologia), defende-se uma escola com muita ideologia,
mas com a ideologia “certa”. Todo o projeto olavista é de aparelhamento. Depois
do Foro de São Paulo, o Foro da Virgínia. O outro braço da Internacional
Olavista é o ministério das Relações Exteriores, que luta contra o
“comercialismo” da diplomacia por uma postura mais ideológica. O ministro
olavista das Relações Exteriores, porém, perdeu espaço para o filho do homem na
conversa reservada com Trump.
O culto à personalidade costuma
fomentar dinastias.
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