Ato político
O sempre genial e certeiro Juremir Machado da Silva...
Algumas definições eleitorais

Álvaro Dias é o candidato da Lava Jato.
Quer Sérgio Moro como ministro da Justiça.
Melhor seria, nessa perspectiva, indicá-lo para o STF, onde
poderia, quem sabe, reescrever a Constituição.
Dias está convencido de que o principal problema do Brasil é a
corrupção, não a desigualdade.
João Amoedo, candidato do Novo, representa o velho neoliberalismo.
Marina Silva é candidata de algo difuso, indefinido, uma rede de
preocupações pouco claras. Já representou a ecologia. Desta vez, oscila entre o
combate à corrupção e as boas intenções não suficientemente discriminadas. Não
fossem as ambições biográficas, ela e Álvaro Dias poderiam estar juntos. Atuam
no mesmo registro musical.
Lula é candidato de quem? Pela lei da Ficha Limpa, de ninguém.
Mesmo que saia da prisão, dificilmente terá seu registro deferido pelo TSE. No
imaginário petista, porém, Lula é o candidato do povo, o que as pesquisas
confirmariam. Na percepção dos seus criativos críticos, Lula é candidato de
Lula. Cem em cem críticos de Lula, fazendo-se de neutros, garantem que ele se
faz de vítima. É uma boa hipótese. Já foi feita a demonstração? Em todo caso,
Lula divide o PT. Se Lula, Ciro, Manoela e Boulos encarnam o mesmo campo
político, por que não estarão juntos já no primeiro turno? Política é a arte da
paciência. Preso, Lula está mais apto a praticar essa arte do que qualquer
outro.
Manuela D’Ávila estava com o foco certo: a desigualdade, com viés
“racial” e de gênero, é o problema maior a ser enfrentado no Brasil. De quem
ela era candidata? Possivelmente de suas utopias. Como vice de Lula, ficará
mais perto do que imagina. E Jair Bolsonaro? O capitão é o candidato do senso
comum. Num quadro de complexidade, marcado por questões de difícil solução, ele
empolga seu público pela pobreza de raciocínio. Há insegurança? Arma todo
mundo. A democracia tem a sua dose de caos? Voltemos à ditadura. Perdemos
certas referências? Que a vida seja tradicional: casamento é homem com mulher.
Homem ganha mais do que mulher? Que fazer? O mercado decide.
Bolsonaro conforta o cidadão médio educado na homofobia, no
racismo, no autoritarismo, no sexismo, na xenofobia e na ideia de que as
desigualdades sociais são naturais. Num mundo em acelerada mudança, ele se
apresenta como o candidato dos “bons velhos tempos” em que tudo era simples,
claro e eficiente: família tinha chefe, comunista ia para a cadeia,
homossexualismo era doença e autoridade usava farda, dava ordens e punia quem
não obedecia. Já era.
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