Ato político
Precisa dizer mais? Penso que o escrito de Juremir Machado da Silva diz
tudo que precisa ser dito quando de trata de se posicionar realmente ao lado da
decência, da justiça e da boa política.
O resto é moralismo hipócrita, manobras sujas e escancaradas dos “donos
do poder”, gente se fazendo de desentendida ou tentando fabricar novos ídolos
canalhas para dizer que não têm nada com essa página triste do país ou não
moveram nenhuma palha para nos jogar nesse beco sem saída.
Os juízes cara de pau do TSE não estão sozinhos nessa. Assim como eles,
tem milhões de caras de pau Brasil afora que agora calam ou mudam de assunto em sinal de conivência ou mesmo conveniência ou então praticam
os maiores males para combater o suposto mal do petismo e só do petismo.
Do mesmo modo, tem milhões por aí que acham que num sistema político complexo e corrupto como o nosso, bastaria eleger um (a) presidente (a) “acima
de qualquer suspeita” ou “implacável com tudo que cheia mal” (como se isso
fosse possível) que, num passe de mágica, tudo estaria resolvido e o Brasil seria passado a limpo.
Sabe de nada inocente!
Exemplo disso é que em meio a esse mar de lama, até aqui nada desabona ou
liga Dilma diretamente a essa sujeira toda. No entanto, contraditoriamente cada dia parece
mais claro que ela foi derrubada justamente por esse motivo, e não pelas razões opostas.
Esquecem-se ou fingem não saber que o poder no país vai muito além do
poder da Presidência da República ou do poder popular (desde sempre manipulado ou apropriado por quem pode mais e chora menos). Poder mesmo, conforme
está na cara de todos nesses tempos bicudos, é o poder econômico, o poder da mega mídia, o poder da classe política encastelada no congresso, o poder do MP e do
judiciário que a cada ato, interpretação dos fatos ou sentença provam que tem lado, rabo preso e voz movida por
interesses eminentemente políticos.
Assim, a chapa Dilma-Temer não foi poupada por causa de Dilma, mas apesar dela como forma de proteger Temer. Só não enxerga quem não quer. Se tivesse havido a separação da chapa, como fora pleiteado pela defesa do presidente golpista, não tenho dúvidas que Dilma teria sido punida e Temer seguiria dono do campinho para ferrar a imensa maioria dos brasileiros, com as bençãos da justiça.
Assim, a chapa Dilma-Temer não foi poupada por causa de Dilma, mas apesar dela como forma de proteger Temer. Só não enxerga quem não quer. Se tivesse havido a separação da chapa, como fora pleiteado pela defesa do presidente golpista, não tenho dúvidas que Dilma teria sido punida e Temer seguiria dono do campinho para ferrar a imensa maioria dos brasileiros, com as bençãos da justiça.
A grande pizza do TSE

A cronologia dos fatos é implacável.
Derrotado na eleição de 2014, Aécio Neves recorreu ao TSE. O agora afastado e
cada vez mais próximo da prisão Aécio Neves, então um paladino da ética, diz
que entrou com a petição só “pra encher o saco do PT”. A iniciativa foi útil
para desestabilizar o governo de Dilma. As acusações agora arquivadas serviram
para ampliar o clima negativo que levou ao impeachment de 2016.
O ministro Gilmar Mendes impediu que a
ação fosse arquivada por falta de provas. Lutou para que a investigação fosse
aprofundada. Inflou o objeto para atingir Dilma Rousseff. Nesta semana, durante
o julgamento que já não lhe interessava, disse que não era para cassar
ninguém, mas só pelo efeito pedagógico. Qual? Mostrar que a justiça pode ser
uma farsa? Desmoralizar o TSE? Revelar a hipocrisia dos brasileiros, que antes
rugiam contra a corrupção e agora silenciam e dormem de cabeça tapada?
O TSE foi aparelhado por Temer sob os
olhos de todos. Em fevereiro, atrasou o andamento do processo para dar tempo ao
presidente de indicar e empossar dois novos juízes, Admar Gonzaga e Tarcísio
Vieira. Os dois, que deveriam ter se declarado impedidos, lamberam a mão do
benfeitor. Um deles foi advogado da chapa que julgou. O jogo de compadres
espantou o mundo, mas não o Brasil.
Gilmar Mendes, que passou os últimos
meses de conchavo com Temer, não tinha isenção para julgar.
Nem queria. Estava ali para absolver
politicamente. Aqueles que antes pediam julgamento técnico, passaram a falar em
responsabilidade, estabilidade e economia. Clamaram por exceção.
Um estranho fundamento jurídico diz que
se a prova cabal vem depois de começado o processo, deve ser desconsiderada,
salvo se for do interesse e da conveniência dos juízes. Dilma foi condenada em
2016.
Temer foi absolvido em 2017.
Há contradições para todos. Os petistas
que defenderam a inocência de Dilma e agora criticam a absolvição da chapa pelo
TSE admitem que a dupla cometeu abuso de poder econômico?
As provas tornaram-se acachapantes, mas
não havia interesse em condenar.
A mídia que denunciava aparelhamento do
STF pelo PT ignorou esse termo em relação ao TSE.
A classe média que bradava contra Dilma
não deu um pio contra Temer.
Como em 1964, em 2016 a classe média
não foi às ruas contra a corrupção, mas contra o “comunismo”.
O mercado só quer as suas reformas.
O TSE aceitou chafurdar na lama.
Lembro-me de juristas dizendo que
Gilmar Mendes era brilhante e que partidário eram só Ricardo Lewandowski e Dias
Toffoli, os “petistas” do STF. A situação hoje é obscena: Herman Benjamin, o
relator da matéria no TSE, saiu do julgamento como um grande juiz. Gilmar saiu
como um político sem escrúpulos, um sujeito capaz de cair nas maiores
contradições por compadrio e ideologia.
O MBL, o Vem pra rua e os outros grupos
de direita contra a corrupção desapareceram.
Nunca passaram de fantasias
mobilizadas.
O TSE entra para a nossa história com
uma farsa, a consagração da pós-verdade: nega a prova para absolver. Afinal, o
criminoso ainda precisa terminar de entregar o crime encomendado.
No Senado, o aparelhamento, modelo PMDB
de atuar, avança: o conselho de ética foi tomado pelos impolutos Romero Jucá,
Eduardo Braga e Jader Barbalho para salvar Aécio Neves. A egrégia comissão já
disse que é contra o afastamento do certamente injustiçado propineiro tucano.
Na semana que vai começar o
Procurador-Geral da República deve denunciar Michel Temer como chefe de
quadrilha. O Brasil chamará a atenção do mundo pela sua originalidade: ser
governado, na leitura do Ministério Público, por um gângster. As panelas
continuarão silenciosas. Não é um “comunista”.
Os patéticos escudeiros de Temer
sustentam que só há um crime: a gravação de Joesley.
O TSE lavou o capital do presidente da
República
Saiu uma pizza tamanha família.
Amanhã a Avenida Paulista e o Parcão,
em Porto Alegre, não terão ninguém de camiseta da CBF.
Deve ser por causa da derrota para a
Argentina.
Isto não é uma defesa de Dilma e do PT.
É um ataque à hipocrisia brasileira e
aos corruptos de estimação de cada partido.
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