Ato político
Henrique Fontana sempre acerta o alvo e, nesse caso, mostra a máscara ou os tentáculos que se escondem por trás do "boneco"...
O boneco e a intolerância, por Henrique Fontana
Se o
boneco inflável da oposição nada tem por dentro, por fora simboliza bem o
discurso do ódio, da condenação prévia, do preconceito, da criminalização da
esquerda, da intolerância. Em um editorial, dedicado ao boneco, a Folha de São
Paulo chega afirmar que “mesmo que nada esteja provado contra Lula, o boneco
vestido de presidiário sintetiza a ojeriza que seu partido desperta”.

Na
indignação seletiva de alguns, interessa que apenas um partido, um governo, uma
liderança, uma corrente política, sejam apontados e condenados publicamente.
Para além da correta condenação dos que são comprovadamente culpados de
corrupção, determinados segmentos da sociedade tentam se utilizar deste tema
para promover a criminalização, o julgamento sumário e a condenação de
grupamentos humanos por sua posição ideológica, que bem poderia ser por raça,
etnia, sexualidade ou credo. O que nos faz lembrar o período sombrio da
ditadura brasileira e um dos piores momentos da história da humanidade: o
nazismo e o fascismo do século XX.
Em meio à
onda de intolerância, alimentada por alguns segmentos políticos e parte da
grande mídia, assistimos a escalada do ódio em episódios supostamente isolados,
como agressões a ministros e membros do governo nas ruas e em restaurantes,
blog de ex-candidato do PSDB ameaçando de morte a Presidenta, e até pedidos de
intervenção militar.
Na
esteira desta insanidade, avança a pauta conservadora na Câmara, com
terceirização das atividades fins, redução da maioridade penal, financiamento
empresarial para partidos. Se os responsáveis pelo boneco guardassem qualquer
coerência deveriam primeiro confeccionar os bonecos de tantos de seus dirigentes
partidários que, diferente do ex-presidente Lula, estão denunciados pelo
Ministério Público Federal.
Uma das
nossas grandes conquistas é o Estado Democrático de Direito, a garantia de
julgamentos justos, não de tribunais de exceção. Infelizmente, aqui está se
criando uma nova modalidade de justiça e sentença. Transforma-se em presidiário
alguém que não cometeu nenhum crime, não foi sequer denunciado, julgado e muito
menos condenado. O maior crime de Lula, para estes, é ter contrariado
interesses até então dominantes. Em algumas destas manifestações, ao que
parece, Lula é culpado de ter priorizado enfrentar a extrema pobreza em que
viviam milhões de brasileiros, e ter promovido o maior processo de distribuição
de renda, ainda insuficiente. Um crime imperdoável.
Os principais meios de comunicação do país, assim
como dirigentes da oposição, tem responsabilidade em estabelecer limites, e não
permitir que a crítica, legitima e necessária, rompa as fronteiras da
democracia, levando o Brasil a um ambiente de golpismo e convulsão social.
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