Música para os meus ouvidos
Não consigo escutar Belchior sem derramar ao menos uma lágrima. Esse cara é um gênio, um artista à frente do seu tempo que embalou uma geração inteira que ousou amar e mudar as coisas. Uma geração sufocada pela tortura de um tempo de escuridão que muitos fingem não ter existido nesse estranho e continental país. Uma geração que produziu muitos notáveis em meio ao povo e também muitos inúteis que ao invés de seguir na boa luta, com o passar do tempo e o desenrolar das coisas, preferiram se perder num mar sem fundo de ilusões.
Não sou do tipo saudosista, mas hoje olho para frente e pros lados e sinto falta da juventude rebelde. Não dessa rebeldia sem rosto, sem voz, sem causa, sem noção, sem poesia, sem amor. Uma rebeldia essencialmente humana, que era capaz de dar a própria vida em prol de uma vida que promova no lugar de negar a vida ou coisa parecida, como canta Belchior.
Mas nem tudo está perdido, existem muitos jovens como a minha sobrinha (tinha que puxar a brasa pro meu assado, né?!), que além de curtir a boa música não aceita embarcar na onda de nenhuma insensatez.
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