Para além do desabafo
“Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”. No meu entender o pensamento de Antoine de Saint-Exupéry é indispensável para iluminar os casos e acasos da vida, e deveria ser bem observado também quando se trata das relações políticas.
Evoco este pensamento como ponto de partida para falar da perplexidade que vem tomando conta dos 833 eleitores hervalenses que ajudaram a reeleger o deputado federal Fernando Marroni (PT), entre os quais me incluo.
Ninguém nega ou desconhece o brilhante trabalho do deputado em prol da região, bem como a sua importante contribuição dada ao nosso município no passado recente, que culminaram na abertura de canais que levaram à superação de entraves administrativos antigos do governo municipal e a consequente obtenção de recursos para todas as áreas pela gestão atual da prefeitura.
O que se lamenta é o abandono dos vínculos aqui criados que fizeram de Marroni o deputado federal mais votado em Herval. Não se descuida de um vinculo e de um desempenho eleitoral desses sem ficar impune no futuro. Os erros na política, assim como na vida, sempre cobram seu preço. Por isso mesmo, é sempre bom alimentar o apreço por aqueles que cativamos.
O que se espera de um deputado não é que ele destine recursos ao município, até porque esta não é função de um deputado. O que a base que ajudou a eleger um deputado espera é que ele a represente em suas reivindicações ou conquistas. Que os vínculos criados no período que antecedeu o período eleitoral não se acabem no dia da votação. Que o deputado participe da vida da comunidade que contribuiu para a sua eleição, nos momentos festivos ou nas demandas de trabalho desta comunidade. Que responda aos pleitos a ele encaminhados, mesmo que seja para dizer da impossibilidade do seu acolhimento. Que nos eventos ou momentos importantes em que não for possível comparecer pessoalmente no município, que se faça representar pela sua assessoria.
E por falar em assessoria, não estaria aí a barreira que mais contribuiu para afastar Marroni de uma comunidade inteira que tanto o preza e depende da sua atuação parlamentar? Será que o deputado tem notícias dos ditos e feitos em seu nome por parte de alguns assessores do seu mandato? A indiferença é tanta, que alguns articuladores da campanha do parlamentar se queixam não ter recebido sequer um telefonema dos assessores após a corrida eleitoral para agradecer a confiança e o empenho.
Muitas questões, e do outro lado apenas o silêncio como resposta. Para além do desabafo fica o alerta: sempre é tempo para corrigir os desacertos. Afinal, errar é humano, mas persistir no erro é burrice.
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