Licença poética...

Peço licença uma vez mais para entregar-lhes algumas palavras simples e sutis arrancadas do fundo do baú do meu ser e inspiradas na minha musa imaginária:
Teu amor me fere mais do que a solidão ou a indiferença.
Como pode ser essa contradição? Amar não deveria ser sinônimo de soma, calma, confiança, afinação?
Mas não! Busco teu mel, tua luz, tua indulgência e ao invés disso, acabo por me defrontar com o patrulhamento implacável do meu ser despedaçado e completamente entrelaçado em ti, feito de um modo que nem mesmo Deus é capaz de praticar com a mais desgarrada de suas ovelhas!
Mas não! Apesar da imensidão do nosso amor, sempre esta faca afiada enfiada em meu peito; sempre este tapa na minha alma lanhada; sempre este tribunal instaurado para me julgar e condenar – sem o menor direito de defesa ou apelação – pelas marcas de um passado que de tão longínquo e apagado, só se sabe que é meu por algumas poucas e inevitáveis pegadas!
Por que fuçar em miragens ou em coisas já mortas, se podemos desfrutar do mundo de amor que temos pela frente e aqui dentro?
Como hei de caminhar para o mar de amor que nos espera, se teu ímpeto de fera me fere e prende a feridas e espinhos já transformados em flor pelo meu amor a vida e a mim mesmo?
Encontrei-te quando procurava um novo tempo de riso, refazimento e paz interior.
Esta, aliás, é a grande fortuna que persigo neste mundo de provas, dores e tribulações...
Então, apenas me ame, sem fuzilamentos ou fantasmas. E amar é mais que uma dor.
Amar é um misto de caminhada de mãos dadas por entre pedras e outros percalços, afagos e desafios pedagógicos.
Amar é também plantar sempre a semente do verdadeiro amor (aquele que sabe somar) para que germine gente melhor em nós!
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